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Os desafios da manutenção de sistemas legados e as novas tecnologias

O avanço tecnológico impõe a necessidade de renovação e adaptação

19 de janeiro de 2024 10:04
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Melhorar a vida das pessoas e transformar as cidades: este é o propósito do ICI – Instituto das Cidades Inteligentes, organização que atua ...

*Por Robson Meireles

Encontrar o equilíbrio entre a preservação de sistemas legados e a adoção de novas tecnologias é um desafio comparável à manutenção de imóveis históricos em meio ao avanço das cidades inteligentes. Assim como um imóvel tombado, sistemas legados carregam em seus códigos a história e as decisões de uma organização. No entanto, o avanço tecnológico, assim como o crescimento urbano, impõe a necessidade de renovação e adaptação.

A manutenção de sistemas legados tem custo elevado e pode impor limitações, pois transitar para tecnologias emergentes não é simples e exige uma abordagem cuidadosa que não comprometa operações essenciais. Esta situação é similar ao desafio de restaurar edifícios históricos, que devem preservar sua essência enquanto se adaptam a necessidades contemporâneas. Da mesma forma, a rigidez de sistemas mais antigos pode inibir a inovação tecnológica, tal como construções antigas podem restringir o desenvolvimento urbano moderno. Reconhecendo essas limitações e necessidades, torna-se prudente encontrar estratégias que harmonizem a preservação dos sistemas legados com a implementação de inovações tecnológicas.

A evolução tecnológica, equiparada ao conceito de cidades inteligentes, busca integrar informações de diferentes fontes para otimizar o funcionamento da cidade. Da mesma forma, as novas tecnologias buscam integrar sistemas de maneira eficiente, comunicando-se com o legado, mas também abrindo caminho para soluções inovadoras. Este entrelaçamento entre o tradicional e o moderno deve ser sustentado, criando um ecossistema em que o legado tecnológico absorve as novidades convenientes. Assim, os custos inerentes à manutenção de sistemas legados transcendem os gastos com hardware e software. Eles incluem, de forma significativa, a contratação e retenção de profissionais qualificados que entendam linguagens e arquiteturas muitas vezes obsoletas. Paradoxalmente, estes sistemas muitas vezes sustentam grandes corporações e instituições públicas, exatamente como construções históricas que ainda são utilizadas para fins residenciais ou comerciais.

A solução para esse complexo desafio reside numa estratégia híbrida perspicaz: honrar o passado e abraçar o futuro. Tal como imóveis históricos que são modernizados para servir necessidades atuais, os sistemas legados requerem uma orquestração entre o que já funciona e o que o progresso demanda. Interfaces modernas podem funcionar como pontes que ligam o antigo ao novo, enquanto componentes desatualizados são substituídos de maneira estratégica por soluções inovadoras construídas com tecnologias atualizadas.

Esta abordagem não apenas protege o investimento feito no legado, mas também assegura que ele continue evoluindo e se integrando ao novo ambiente tecnológico, mais disponível no mercado. É um processo que demanda um planejamento meticuloso e uma execução ponderada, garantindo que a transformação seja um passo em direção ao futuro, com respeito ao legado.

Parte essencial dessa abordagem é a previsão e o planejamento do ciclo de vida do software, instituindo momentos determinados na linha do tempo para reavaliar e decidir se o sistema em uso se aproxima ou já atingiu o status de legado.

Este processo exige visão de futuro e planejamento, elementos que devem ser cuidadosamente considerados por gestores e desenvolvedores. Ao integrar o novo com o antigo, preservamos nossa herança cultural e tecnológica, ao mesmo tempo que abrimos caminho para o futuro. As cidades, assim como os sistemas de informação, devem ser vivas, dinâmicas e, sobretudo, capazes de contar a nossa história e sustentar nossas operações enquanto o caminho para o futuro é preparado.

Com a manutenção e a evolução caminhando lado a lado, garantimos não só a funcionalidade e a relevância dos nossos sistemas e cidades, mas também respeitamos e valorizamos a nossa história, mantendo-a viva e significativa no presente. Esta não é apenas uma questão de preservar fatos antigos, mas também de reconhecer os dados e as regras de negócio que emanam de nosso legado.

*Robson Meireles é gerente de Novas Tecnologias no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI)

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