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ESG sob nova perspectiva

O papel estratégico dos Conselhos na redefinição de prioridades empresariais

4 de julho de 2025 08:30
por:

Carlos Nascimento tem experiência no mercado de Serviços e Soluções de TI, direção de empresas, Gestão de TI, Consultoria, Gestão de Proj...

Nos últimos anos, o conceito de ESG (ambiental, social e governança) tornou-se central na estratégia de muitas empresas globais. No entanto, em 2025, observa-se uma mudança significativa: grandes corporações e fundos de investimento estão reavaliando suas abordagens, buscando um equilíbrio entre responsabilidade social e desempenho financeiro sustentável.

Nesse contexto, os Conselhos de Administração e Consultivos desempenham um papel crucial na condução de uma abordagem mais pragmática e eficaz do ESG.

A evolução do ESG e a importância da governança estratégica

O ESG deixou de ser uma tendência para se tornar uma exigência do mercado. Entretanto, a implementação de práticas ESG sem uma integração adequada à estratégia corporativa pode resultar em iniciativas desconectadas dos objetivos empresariais.

Estudos apontam que, quando bem integradas, as práticas ESG podem melhorar a rentabilidade, a reputação da marca e a satisfação dos colaboradores (ScienceDirect, 2022). No entanto, sua eficácia depende diretamente do alinhamento com a estratégia e cultura da empresa.

A crescente pressão por resultados tangíveis levou a uma reavaliação das métricas ESG. Investidores e gestores estão exigindo dados mais precisos e verificáveis para garantir que os investimentos sustentáveis gerem, de fato, valor de mercado (Sustainable Brands, 2023).

Nesse cenário, os Conselhos têm a responsabilidade de garantir que as práticas ESG estejam alinhadas aos objetivos estratégicos da organização, avaliando riscos, oportunidades e assegurando a criação de valor sustentável. A Fundação Dom Cabral, por exemplo, destaca a necessidade de que os conselhos incorporem o ESG de forma sistêmica para garantir um futuro lucrativo e perene (Fundação Dom Cabral, 2023).

O papel dos Conselhos em pequenas e médias empresas (PMEs)

Esse novo olhar sobre o ESG também alcança as pequenas e médias empresas — justamente onde a atenção estratégica precisa ser ainda mais criteriosa. Diferentemente das grandes corporações, as PMEs têm margens de erro muito menores e menos recursos para ajustar o rumo após iniciativas mal planejadas. Por isso, o espaço para experimentação e tentativas desconectadas da realidade é muito mais limitado.

Nesse contexto, os Conselhos Consultivos ou de Administração exercem um papel fundamental ao filtrar e priorizar temas ESG que realmente façam sentido para a empresa. Cabe ao Conselho orientar a alta gestão na seleção de temas essenciais, baseando-se em três pilares: realidade financeira, alinhamento estratégico e cultura organizacional.

Não se trata de rejeitar a agenda ESG, mas sim de implementá-la de forma consciente, proporcional e sustentável. Muitas vezes, o Conselho pode ser o primeiro órgão a assumir uma gestão básica do ESG, acompanhando indicadores simples e integrando-os às reuniões regulares. À medida que a empresa amadurece e conquista maior solidez operacional, essa gestão pode evoluir para uma estrutura mais robusta e formalizada dentro do próprio corpo executivo.

Essa abordagem realista — muitas vezes liderada por conselheiros experientes — permite que a empresa avance de forma segura, sem comprometer sua estabilidade financeira, e mantenha sua reputação responsável junto a clientes, parceiros e investidores.

Tendências globais e a necessidade de adaptação

Globalmente, observa-se uma reavaliação das práticas ESG. A Corporação Financeira Internacional (IFC) iniciou uma revisão da sua estrutura de sustentabilidade, que orienta trilhões de dólares em investimentos em mercados emergentes. O objetivo é fortalecer os padrões ambientais e sociais e adaptá-los aos desafios contemporâneos (ESG News, 2025).

Empresas como a IBM estão ajustando suas políticas de diversidade e inclusão, reconhecendo tensões internas e priorizando uma abordagem mais realista e sustentável. Trata-se de alinhar compromissos sociais com os objetivos financeiros e operacionais de longo prazo (Forbes, 2025).

Nos Estados Unidos, a atual administração influenciou diretamente a retirada de aportes em fundos ESG, resultando em saídas recordes de US$ 8,6 bilhões no primeiro trimestre de 2025. Na Europa, o movimento também se manifestou com a primeira saída líquida desde 2018, somando US$ 1,2 bilhão (Reuters e Financial Times, 2025).

Essas tendências reforçam a urgência de que empresas — de todos os portes — revejam suas estratégias ESG, assegurando que tragam retorno concreto à organização e mantenham seu papel social de forma proporcional e eficaz.

Conclusão

A atual reorientação do ESG não representa um abandono dos princípios de responsabilidade social e ambiental, mas sim uma busca por equilíbrio. As empresas estão reconhecendo que sustentabilidade e rentabilidade não são conceitos opostos, mas complementares.

Essa abordagem pragmática visa garantir que as iniciativas ESG contribuam efetivamente para o sucesso a longo prazo, sem comprometer a saúde financeira. É nesse ponto que os Conselhos de Administração e Consultivos tornam-se peças-chave para a maturidade da gestão estratégica.

Para as PMEs, a formação de conselhos e a adoção de boas práticas de governança podem ser passos decisivos rumo à sustentabilidade, à geração de renda e à competitividade em um mercado que valoriza resultados tangíveis — sem abrir mão da ética e da responsabilidade social.

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