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Antes de entrarmos diretamente no tema que dá título a este artigo, convém estabelecermos entendimentos sobre a diferença entre inteligência artificial (IA) e robotização – ou, mais precisamente, robotização de processos (RPA, sigla do inglês Robotic Process Automation). É bem verdade que os leitores da RNTI estão familiarizados com esses termos e sabem distingui-los, mas […]
Antes de entrarmos diretamente no tema que dá título a este artigo, convém estabelecermos entendimentos sobre a diferença entre inteligência artificial (IA) e robotização – ou, mais precisamente, robotização de processos (RPA, sigla do inglês Robotic Process Automation). É bem verdade que os leitores da RNTI estão familiarizados com esses termos e sabem distingui-los, mas nunca é demais reforçar.
Até porque, não raro, os dois conceitos aparecem como sinônimos. Sabemos que não são. Com a robotização temos a execução de processos por meio de robôs (bots), desenvolvidos – pela expertise dos nossos times de tecnologia da informação (TI) – para o cumprimento de determinadas tarefas. A robotização aumenta, e muito, a produtividade. E não só pela velocidade e, portanto, pela grande quantidade de processos que executa em um determinado período, como, sobretudo, pela acuidade com que o faz.
A inteligência artificial vai mais além. Muito mais além, podemos afirmar. É a reprodução, pela máquina, da complexa capacidade que o ser humano tem de analisar, diagnosticar, projetar e tomar decisões diante de uma situação. De resolver problemas. Tudo com mais rapidez e, igualmente, com precisão.
A convergência entre inteligência artificial e robotização, fruto de soluções engendradas igualmente pela pesquisa e por desenvolvedores de inovação, deixou de ser tendência, para se estabelecer como realidade, irrevogável. Inteligência artificial e robotização estão imbricadas – decerto por isso o uso dos conceitos como sinônimos.
Ainda bem que estamos nesse estágio. Ainda bem que, aqui no Brasil, em que pesem desafios e gargalos – desde aspectos conjunturais até questões estruturais –, temos, de um decênio para cá, cases de ponta em diversas áreas, confirmando o talento, a sede de inovação e a disposição para enfrentar desafios, de nossos empreendedores em tecnologia da informação.
No ROIT mesmo, passamos mais de três anos desenvolvendo uma série de soluções com inteligência artificial, para substituirmos a análise fiscal e as classificações contábeis de forma realmente assertiva. Do que antes era feito 100% por nosso time humano, agora fica apenas cerca de 8% para eles – que são exceções ou fatos novos, ainda desconhecidos pela IA. Um bom exemplo são as análises de retenções em notas fiscais de serviços tomados, retêm ou não retém IR, CSLL, PIS, COFINS, INSS ou ISS? Esta resposta era humana, agora é dada pela IA. Por outro lado, acessar o e-CAC da Receita Federal ou os sites das companhias de energia e fazer download de faturas, é trabalho para o RPA e não para IA.
A inteligência artificial e a robotização em convergência são disruptivas. Sim, sabemos de seus efeitos colaterais. Essa convergência tecnológica substitui o trabalho humano, em muitas tarefas. Em um país com desemprego, desqualificação profissional e problemas estruturais, esses efeitos não podem ser ignorados. Porém, a solução não está em renunciar à tecnologia. Está em enfrentar tais problemas.
A solução passa por compreender, e difundir essa compreensão, que a inteligência artificial e a robotização são caminhos para o progresso tecnológico, para o crescimento econômico, para o desenvolvimento social. A convergência delas proporciona ganhos de produtividade. Isso, em atividades econômicas, significa divisas; mas os ganhos em produtividade vão além da economia. A inteligência artificial e a robotização aplicam-se em atividades como educação, saúde, meio ambiente, entre outras áreas do conhecimento e da vida social.
Logo, a verdade é que a inteligência artificial e a robotização representam muito mais que a substituição do trabalho humano pela máquina. Na realidade, não é disso que se trata. A inteligência artificial e a robotização possibilitam a execução de tarefas inalcançáveis aos seres humanos. Ou daquelas que não precisam ser realizadas por pessoas.
A inteligência artificial e a robotização, em convergência, abrem caminho para novas ocupações, pelas pessoas. Para que o ser humano se volte a atividades em que o diferencial está no que só uma pessoa pode oferecer: sensibilidade, individual e coletiva; empatia, criatividade, o despertar para o novo, o diferente. Foque-se na capacidade de identificar o que é estratégico, o que é inovador. Volte-se para o que é singular da capacidade humana, e não para rotinas mecânicas.
Não se trata de uma mudança fácil de paradigmas. O percurso está sujeito a ruídos e a muitas dificuldades. Mas, com essa compreensão que aqui menciono, com planejamento estratégico, com um norte bem definido e com a articulação entre vários entes da sociedade, podemos percorrer esse caminho sem maiores sobressaltos. O que precisamos é dar o primeiro passo.
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito