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Quando pensamos no mundo dos negócios, os impactos da inteligência artificial nos modelos atualmente existentes serão praticamente imprevisíveis
Quem teve a oportunidade de visitar o parque Bishan-Ang Mo Kio, em Singapura, deve ter visto algo muito semelhante aos filmes de ficção cientifica. O governo de Singapura colocou o SPOT para vigiar e evitar aglomerações nos parques do país. Trata-se de um cachorro robô desenvolvido pela Boston Dynamics’e, segundo o fabricante, por US$ 75 mil você pode ter um para chamar de seu.
O SPOT, à primeira vista, pode não ser tão impactante ou assustador, mas demonstra que as previsões de alguns especialistas não são tão absurdas assim. Segundo o diretor de inovação da Singularity University, Paul Roberts, keynote do ABES Software Conference 2019, em aproximadamente 8 anos teremos um computador custando US$ 100,00 com a mesma capacidade do cérebro humano. A cientista e especialista em robótica Suzanne Gildert, também da Singularity University, segue a mesma linha de previsões. Segundo Gildert, em 2030, deveremos ter um robô semelhante ao ser humano, com as mesmas características físicas, porém com uma capacidade de conhecimento inimaginável. Isto significa que os filmes Blade Runner, I.A. Inteligência Artificial e tantos outros deixarão de ser ficção científica.
Imaginem a transformação que irá ocorrer nas próximas duas décadas na sociedade como um todo e, mais do que isso, as inúmeras oportunidades. Ter uma Rosie em casa, como no desenho animado The Jetsons da década de sessenta, será plenamente possível. Mas, certamente, com um papel muito mais interessante, podendo educar os nossos filhos em diversas áreas, com conhecimento praticamente ilimitado, personalizando e adequando todo o processo de aprendizagem. Isso graças a uma convergência de tecnologias: o avanço da capacidade computacional, disponibilidade de novas tecnologias de comunicação, como a 5G cobrindo todo o globo terrestre, e os avanços no uso da inteligência artificial.
Quando pensamos no mundo dos negócios, os impactos da inteligência artificial nos modelos atualmente existentes serão praticamente imprevisíveis. Segundo o estudo Notes From The AI Frontier: Modeling The Impact Of AI On The World Economy elaborado pela Mckinsey, a inteligência artificial deverá gerar um volume de negócios superior a US$ 13 trilhões no mundo até 2030. O mesmo estudo aponta que as empresas líderes em IA deverão ter um ganho competitivo na ordem de 25% referente às oportunidades de mercado no mesmo período. Por outro lado, as empresas que ainda não estão investindo em IA poderão perder significativamente competitividade e, consequentemente, mercado. O estudo também aponta que o mesmo gap de competitividade deverá ocorrer entre países. Nesse sentido, um estudo similar da PWC aponta que, em 2030, praticamente 45% das oportunidades em IA deverão ficar com a China, 25% com os Estados Unidos e 30% com o resto do mundo. No caso da América Latina, a participação deverá ficar em 3%. Um fator que pode explicar a alta participação da China é o foco na educação. Cerca de 4.7 milhões de estudantes chineses são formados anualmente em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), segundo dados do Fórum Econômico Mundial de 2016.
No setor privado, fica claro o ganho competitivo quando analisamos o exemplo da Tesla, famosa por investir em carros elétricos autônomos. O valor de mercado da Tesla aumentou mais de US$ 500 bilhões em 2020, mais do que o valor das nove maiores empresas de automóveis do mundo somadas. As ações da Tesla valiam US$ 45,00 em junho de 2019 e hoje estão por volta de US$ 600,00. O impacto da inovação vai muito além do valor da empresa. Com a adoção do carro autônomo em massa, o número de acidentes irá reduzir drasticamente, salvando dezenas de milhares de vidas. Somente no Brasil, morrem cerca de 35 mil pessoas anualmente vítimas de acidentes de trânsito. Analisando detalhadamente o impacto dos carros autônomos na sociedade de forma geral, além de salvar vidas, o que é o mais importante, o carro autônomo também impactará diversos outros setores, como das seguradoras, planos de saúde, setor de autopeças, oficinas mecânicas e etc…
Falando em vidas, uma outra aplicação impressionante da Inteligência Artificial é o mapeamento e manuseio do DNA humano, a exemplo da técnica CRISPR de edição do DNA. Aqui não vou entrar na questão ética e cultural, mas tudo indica que, em breve, deveremos ter condições de eliminar doenças e anomalias hereditárias. Um outro tema muito interessante ligado à saúde está relacionado ao uso do microbioma (bactérias, fungos e etc…). Segundo a pesquisadora e cientista Tiffany Vora, o microbioma poderá ser a melhor opção para combater diversas doenças e anomalias, inclusive obesidade, usando até fezes humanas. Isso acontecerá, principalmente devido a perda da eficiência dos antibióticos. Parece inacreditável, mas não é! Trata-se de um tratamento realizado por séculos na China, muito antes da Inteligência Artificial. Por curiosidade, convido vocês a lerem a matéria publicada em maio de 2019, pela Folha de S Paulo: “Cocô humano vira tratamento contra infecções, obesidade e problemas mentais, Pesquisa sobre uso medicinal de fezes é vanguarda na biomedicina moderna” do jornalista Reinaldo José Lopes.
Lembrem-se: “Inteligência Artificial: nada será como antes, amanhã” … apenas fazendo uma analogia ao título da música de Beto Guedes e Milton Nascimento.
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