Publicidade
Estou assistindo a um seriado, originalmente reproduzido entre 2002 e 2009, sobre um detetive chamado Monk, cujo título coincide com o nome do personagem principal. Em tom de comédia, vários crimes são resolvidos pelo protagonista, depois da solução ter, invariavelmente, escapado aos investigadores da polícia de São Francisco. A capacidade extraordinária do personagem se equipara […]
Estou assistindo a um seriado, originalmente reproduzido entre 2002 e 2009, sobre um detetive chamado Monk, cujo título coincide com o nome do personagem principal. Em tom de comédia, vários crimes são resolvidos pelo protagonista, depois da solução ter, invariavelmente, escapado aos investigadores da polícia de São Francisco.
A capacidade extraordinária do personagem se equipara aos imortais Sherlock Homes e Hercule Poirot, no entanto é acompanhada de Transtorno Obsessivo-Possesivo (TOQ), além de um conjunto enorme de fobias e maneirismos. Por esta razão, Monk é completamente dependente de uma assistente, que varia ao longo da série, a qual cumpre também o papel de enfermeira e babá.
Os quase 20 anos que nos separam do início do programa são marcantes em termos de tecnologia. Os celulares usados pelos atores são arcaicos comparados com o smartphones atuais, o mesmo vale para os computadores. Não há, naquele momento do tempo, uma presença marcante das redes sociais, dos aplicativos de mensagens instantâneas, tão pouco serviços digitais em volume significativo. Incrivelmente, ainda assim, as pessoas retratadas parecem ter uma vida normal.
Em um dos episódios, justo naquele no qual a primeira assistente deixa abruptamente de aparecer e Monk busca uma substituta, o detetive chega à cena de um crime ocorrido na casa daquela que viria a ser sua próxima auxiliar. Os policiais já haviam vasculhado o local e não haviam conseguido identificar sequer uma evidência que fosse capaz de desvendar a invasão de domicílio. O nosso detetive, no entanto, observa uma redinha de pegar peixes, ainda com a etiqueta, ao lado de um aquário com a luz acessa. Concluí, daí, após constatar que o objeto não pertencia à criança da casa e que o aquário ficava com a luz apagada, que o objetivo dos invasores estava relacionado com o viveiro.
Exatamente o poder de perceber o que os demais não conseguem, fazer conexões e deduções lógicas com os pedaços de informação disponíveis, é o que distingue tais heróis fictícios dos demais. Em alguma medida, eles são também capazes de efetuar algumas previsões sobre o comportamento futuro dos bandidos, habilidade utilizada para antecipar movimentos e concluir os casos.
Comparando o arsenal de poderes apresentados pelos detetives fictícios, sem dúvida, o mais impressionante é claramente o último, o de prever o futuro. Quem em 2002, tivesse tal poder, poderia ter comprado ações da Amazon por menos de 2 dólares e vender hoje por mais de 3 mil dólares.
A minha primeira experiência mais séria com predições, foi quando a empresa que eu trabalhava começou a representar um software chamado Maximo, cuja fabricante foi posteriormente comprada pela IBM, e que tinha por finalidade controlar a gestão de instalações prediais. Por meio de dados coletados em equipamentos com uso de sensores, como, apenas para citar uma de várias possibilidades, a variação de vibração de uma esteira, o aplicativo, através de comparações com o histórico de máquinas similares e extrapolações estatísticas, conseguia projetar uma eventual falha futura e agendar uma manutenção preditiva capaz de economizar bastante tempo e dinheiro.
Há situações de fácil previsão, como aquelas associadas a sazonalidades. Não é preciso ser genial para predizer que nos dias que antecedem o Natal, o comércio vai vender mais do que em dias normais, ou que no verão as vendas de sorvetes e de cervejas vão superar as marcas do inverno. Em alta temporada, passagens aéreas e hotéis serão mais caros do que em períodos regulares e assim por diante.
Por outro lado, ainda é difícil prever alguns fenômenos como abalos sísmicos, o clima em um dia distante e específico ou o comportamento individual das pessoas. Também não é simples imaginar com antecedência quais empresas, marcas e produtos vão se destacar da concorrência. Depois do sucesso estabelecido é muito fácil determinar quais foram as supostas virtudes que levaram o empreendimento para tal patamar, mas fazer isto antes é muito mais complicado.
Por este motivo, muitos investimentos estão sendo realizados em algoritmos baseados em inteligência artificial para predições. Conseguir vislumbrar o futuro pode reduzir riscos, direcionar iniciativas corretamente e aumentar o lucro. Como exemplo, no setor de empréstimos, foi anunciado dia 29/04 do corrente, parceria entre a Neurotech e FICO como objetivo de prover para bancos menores e fintechs uma análise para concessão de crédito tão sofisticada quanto a utilizada pelos gigantes do setor. A primeira especialista em Inteligência Artificial, Machine Learning e Big Data, enquanto a segunda em análise preditiva e gerenciamento de decisões.
Tal movimento não será isolado e tão pouco restrito ao mundo financeiro. Iniciativas similares vão invadir o mundo de seguros, do marketing, do varejo e, no final, de toda e qualquer atividade em que o comportamento futuro seja significativo. Em suma, cada organização, seja ela proveniente dos setores mais tradicionais da economia ou vinculada a aqueles baseados em conhecimento, vai buscar, de alguma forma, prever as ações vindouras.
Importante é reconhecer que o alvo é você! Estão todos interessados em saber o que você vai comprar, se você vai almoçar fora, se vai trocar ou manter o emprego, se e quando pretende viajar e assim sucessivamente. Lembre-se que qualquer instrumento de predição sério depende de dados, muitos dados, quanto mais melhor. Sendo assim, se você quiser que descubram seu futuro, a solução é simples, recheie as suas redes sociais com o maior número de informações possíveis. Os algoritmos agradecem!
Por Jeovane Salomão
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito