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No projeto Minas 2050, somamos experiências diversas tornando possível encontrarmos o modelo para a mudança que tanto desejamos Edição 57 MARCELO ALVARENGA Rotineiramente, reclamamos e nos queixamos do funcionamento e da estrutura do país, estado e cidade em que vivemos. Queremos contribuir para melhorar a sociedade, mas muitas vezes nos sentimos derrotados e sem esperanças […]
No projeto Minas 2050, somamos experiências diversas tornando possível encontrarmos o modelo para a mudança que tanto desejamos
Edição 57
MARCELO ALVARENGA
Rotineiramente, reclamamos e nos queixamos do funcionamento e da estrutura do país, estado e cidade em que vivemos. Queremos contribuir para melhorar a sociedade, mas muitas vezes nos sentimos derrotados e sem esperanças pelo esforço necessário para mudança do atual cenário.
Citando especificamente o estado de Minas Gerais, estamos há séculos explorando e vivendo de commodities agrícolas e minerais. Infelizmente, não conseguimos agregar valor ao que produzimos. A agricultura, por exemplo, sempre foi e será essencial para nossa sobrevivência. Mas, ainda assim, mesmo considerando o crescimento da população, redução dos espaços para cultivo no planeta e escassez de água doce ainda não percebemos uma tendência significativa de valorização desse setor da economia para que, na próxima década, tenhamos uma base que gere riqueza e sirva para melhorar a distribuição de renda no país.
A outra atividade primária que também é base de nossa economia é a mineração. O mundo está em crise e demandando menos minério do que nos anos anteriores. Algumas de nossas fontes e jazidas já estão se esgotando. O rastro deixado por essa atividade, muitas vezes maquiado por projetos de recuperação de áreas degradadas, não escondem o saldo final negativo da exploração intensa desses recursos minerais em nosso meio ambiente. Acidentes ambientais, tais como o rompimento da barragem de Mariana, em novembro de 2015, trazem repentinamente uma conta impagável depois de décadas de exploração.
No século passado, alguns bancos e instituições financeiras com forte presença nacional eram sediados em Minas, mas aos poucos, como a maioria das empresas mineiras de destaque, foram sendo comprados por poderosos grupos econômicos e consequentemente tendo a sede transferida impreterivelmente para a cidade de São Paulo. Os dados são realmente alarmantes, das 50 maiores empresas brasileiras no ranking por faturamento, somente três delas estão em Minas.
Diante desse cenário, indagamos: qual a nossa capacidade para mudar esta tendência? Podemos sonhar com uma reestruturação da matriz econômica de nosso estado, vislumbrando um futuro melhor? Conheci um grupo de pessoas que saíram em busca de um novo projeto para nosso futuro. De forma descontraída e informal, participei de um debate com parte desse grupo, no espaço Roda de Ideias, na sede do MGTI, e conheci o projeto Minas 2050. Percebi algo em comum nesse grupo, um forte alinhamento nas ideias e a confiança de que é possível mudar.
Um dos caminhos que podemos seguir é o investimento em tecnologia. Pode parecer absurdo apostar que um país com graves problemas no ensino planeje seu futuro criando uma nova cadeia produtiva baseada na criação de software, mas não é. Com baixo investimento, é possível criar cursos técnicos que capacitem jovens com o talento do raciocínio lógico a ingressarem no mundo da programação. Deixando de lado a teoria, cito um exemplo prático. Sou empresário na área de TI, e iniciei em 2009 um programa interno para contratação de jovens carentes que tinham apenas o ensino médio. Optamos por escolher especificamente rapazes com idade próxima a 18 anos e que eram arrimo de família, pois precisavam da oportunidade, até por uma questão de subsistência.
Fizemos um processo interno de capacitação desses jovens, com o apoio de um tutor já experiente, fazendo uma espécie de mentoria técnica. Após ingressarem no mundo da programação e ganharem uma experiência prática, subsidiamos bolsas de 50% a 100% para o ensino superior. Hoje, estão todos graduados em cursos na área de Tecnologia da Informação, sendo que alguns já estão fazendo pós-graduação. É fácil constatar que eles realmente transformaram suas vidas. Para a empresa, foi um ótimo investimento, tivemos como contrapartida uma fidelização do funcionário e uma dedicação com o trabalho que não é comum de se ver nas equipes técnicas das empresas desse mercado.
Esta pequena iniciativa demonstra que podemos pensar maior. No projeto Minas 2050, somamos experiências diversas tornando possível encontrarmos o modelo para a mudança que tanto desejamos.
Marcelo Alvarenga é vice-presidente de Associativismo e Sustentabilidade da Assespro-MG e CEO da Infosistemas
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito