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Há alguns anos, em uma tarde fria de outono no norte da Califórnia, um grupo de empreendedores brasileiros que estavam em uma missão empresarial nos Estados Unidos teve a oportunidade de aprender uma das lições mais importantes da vida deles.Neste fatídico dia, estavam eles em Sunnyvale, uma pitoresca cidade de 150 mil habitantes no coração […]
Há alguns anos, em uma tarde fria de outono no norte da Califórnia, um grupo de empreendedores brasileiros que estavam em uma missão empresarial nos Estados Unidos teve a oportunidade de aprender uma das lições mais importantes da vida deles.Neste fatídico dia, estavam eles em Sunnyvale, uma pitoresca cidade de 150 mil habitantes no coração do Vale do Silício, para visitar a emblemática e uma das mais importantes aceleradoras do mundo, a Plug and Play Tech Center, de onde saíram empresas como o PayPal, cujos co-fundadores vieram depois a criar empresas como YouTube, Tesla, Linkedin, SpaceX, Yelp, Yammer, Palantir Technologies, entre outras.
Na entrada do prédio, nada viram de diferente em relação a espaços de inovação existentes no Brasil: uma decoração “cool”, bonita, colorida e funcional.. Mas uma detalhe chamou muito atenção daqueles empreendedores naquele momento. As paredes da área da recepção estavam cobertas por pequenos quadros que informavam cada case de sucesso que passou pela empresa. Eles ficaram alguns minutos ali, em silêncio, observando maravilhados aqueles diversos logos de startups, algumas bastante conhecidas e outras nem tanto, que foram adquiridas por grandes corporações, muitas, inclusive, com valores das transações ali revelados.
Após a visita, no ônibus, a caminho de outros compromissos, todos ficaram um bom tempo refletindo sobre as diferenças culturais entre Brasil e Estados Unidos no que tange a valorização dos seus empreendedores, pois o que tinham visto ali era uma pequena amostra desta diferença abismal.
Eles se perguntavam, sonhando em voz alta, tentando imaginar a reação de cada empreendedor que adentra aquele ambiente, e a motivação que cada exemplo daqueles ali destacados nas paredes gera, inspirando-os a seguirem em frente e correrem atrás dos seus sonhos, para conseguirem também, quem sabe, com o tempo, ter o nome da sua startup ali estampado.
Esta história é uma das centenas que se passaram desde então, e que transformaram a vida de muitas pessoas, famílias e cidades pelo chamado Poder do Exemplo. Este é o ponto que trataremos aqui.
Nós, brasileiros, temos arraigada a cultura católica-cristã, na qual o lucro, o sucesso, é considerado um pecado e temos vergonha de mostrar aos outros os nossos sucessos: desde uma nota excepcional na escola, onde, muitas vezes, o estudante é discriminado, o sucesso da empresa, o carro novo, uma promoção no trabalho. Infelizmente, muitos de nós têm o sentimento de vergonha, preferindo esconder-se com medo de ser chamado de exibido ou algo do gênero, como se fosse feio orgulhar-se de seus feitos e conquistas. Somando isso ao pensamento da maioria absoluta das universidades, que repulsam o relacionamento empresa-academia e não incentivam os professores ao empreendedorismo, tem-se a receita certa para o fracasso.
Nos últimos anos, conseguimos mudar radicalmente esta forma de pensar entre os agentes do ecossistema de inovação catarinense, obtendo resultados fantásticos. Atualmente, diversas são as iniciativas que permitem e valorizam essas conexões, como meetups, eventos de verticais de negócios, incubadoras, aceleradoras, universidades, linklabs, coworkings, centros de inovação, polos regionais.
Em todos estes espaços físicos e eventos existem algumas características em comum: o compartilhamento e a forte conexão entre as pessoas. São nestes ambientes e momentos, em confraternizações normalmente regada a chope e salgadinhos, que os empreendedores contam as suas histórias de vida a outros empreendedores, a aprendizes de empreendedores, a estudantes e a outras pessoas interessadas em escutar sobre as dificuldades enfrentadas, os fracassos amargados e os sucessos obtidos.
Estas ações são extremamente transformadoras, pois hoje as pessoas já não são mais inspiradas/influenciadas por grandes empresários e celebridades, pois a experiência de vida deles está muito distante da realidade da maioria absoluta da população de empreendedores. Não adianta referenciar histórias como as de Bill Gates e de Steve Jobs, pois elas estão muito distantes da trajetória de um cidadão brasileiro comum. Já quando uma pessoa escuta sobre alguém que viveu no mesmo bairro que o seu, que pegava o mesmo ônibus, que estudou na mesma escola, ou seja, que teve as mesmas condições e obteve sucesso com a startup que fundou, um sentimento muito forte é despertado. É esse tipo de exemplo que faz com que muitas pessoas que estão na plateia percam o sono e sintam-se motivadas, confiantes de que “se ele conseguiu, eu também posso conseguir”. Isso é simplesmente transformador, muito transformador!
Cria-se, assim, um movimento de inconformismo, empoderando essas pessoas no sentido de se buscarem resultados, de conseguirem alcançar objetivos ímpares. Hoje esta mensagem é repassada incansavelmente em palestras de empreendedores e pessoas ligadas ao ecossistema catarinense pelos quatro cantos do país.
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito