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Conselhos Consultivos: Governança que Impulsiona o Crescimento das PMEs e Startups

Descubra como Conselhos Consultivos podem profissionalizar a gestão, ampliar a visão estratégica e acelerar o crescimento de startups e PMEs

11 de abril de 2025 14:34
por:

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Carlos Eduardo do Nascimento | 10 ABR 2025

Embora não sejam uma novidade no mundo da governança corporativa, os Conselhos Consultivos ainda são subutilizados pelas pequenas e médias empresas brasileiras — especialmente no setor de tecnologia. No entanto, à medida que cresce a necessidade de profissionalizar a gestão, reduzir riscos e preparar o negócio para novos ciclos de crescimento, esse modelo de governança tem ganhado espaço como uma solução ágil, acessível e altamente eficaz.

Este artigo apresenta os benefícios concretos trazidos pela adoção de um Conselho Consultivo, os principais obstáculos que ainda afastam muitos empresários dessa prática e exemplos reais de pautas estratégicas que podem ser tratadas com o apoio de conselheiros experientes. Também propõe um modelo viável para startups e PMEs, com custos adequados à sua realidade e foco na geração de valor desde o primeiro ano.

Se sua empresa deseja crescer com segurança, atrair investimentos ou simplesmente tomar decisões mais estruturadas, vale a pena considerar a leitura — e quem sabe, dar o próximo passo em direção à governança que transforma.

Contexto e Resistências

Em um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico e competitivo, as empresas de tecnologia enfrentam o desafio constante de crescer com sustentabilidade, profissionalizar sua gestão e tomar decisões estratégicas com mais segurança. Nesse cenário, os Conselhos Consultivos surgem como uma solução ágil, acessível e eficaz para promover o avanço da governança corporativa, especialmente em pequenas e médias empresas e startups.

Segundo a pesquisa “Perspectiva dos Conselheiros e Executivos – Ambiente de Negócios e Governança Corporativa” (IBGC, 2025), 86,8% dos entrevistados afirmam que é “provável” ou “muito provável” que suas organizações aprimorem suas práticas de governança corporativa nos próximos 12 meses. A maioria também acredita que a estrutura e os procedimentos dos conselhos — como regimento interno, avaliações e composição — serão os principais focos desse aprimoramento.

Ainda segundo o estudo, que contou com 349 participantes entre conselheiros e executivos, 69,9% têm uma perspectiva positiva quanto ao desempenho de suas organizações no próximo ano. Em contrapartida, 41,3% demonstram incerteza sobre a relação entre os custos e os benefícios da governança corporativa.

Esses dados evidenciam, por um lado, a crescente relevância da governança no desempenho das organizações e, por outro, a persistência de dúvidas e resistências à sua adoção plena, mesmo diante de percepções positivas de resultado.

Apesar da crescente valorização da governança, muitas empresas ainda hesitam em adotar Conselhos Consultivos por uma combinação de fatores. Há, por exemplo, confusão entre esse modelo e os Conselhos de Administração, o que leva à percepção equivocada de que haveria obrigações legais complexas ou custos elevados. Em empresas familiares ou lideradas por fundadores, é comum o receio de perda de controle com a entrada de conselheiros externos. Soma-se a isso a ideia de que o modelo exige alta dedicação de tempo, especialmente quando os sócios estão imersos na operação, além de uma resistência natural de culturas empresariais menos estruturadas a processos formais e prestação de contas. A dificuldade em identificar conselheiros confiáveis e alinhados com o estágio da empresa também pesa na decisão, assim como a crença de que um conselho necessariamente exige uma estrutura pesada e burocrática. Esses obstáculos, ainda que compreensíveis, podem ser superados com a adoção gradual e bem orientada de um modelo enxuto e adaptado à realidade das PMEs.

Por que um Conselho Consultivo?

Diferente dos Conselhos de Administração, os Conselhos Consultivos não possuem responsabilidade fiduciária, o que reduz a complexidade legal e torna sua implementação mais flexível. No entanto, sua eficácia não é menor. Eles atuam como um órgão estratégico de aconselhamento, com benefícios tangíveis para a gestão e a estratégia empresarial:

  • Formulação Estratégica: apoio direto na definição de metas e na revisão do plano de negócios.
  • Profissionalização da Gestão: ajuda a consolidar processos e decisões mais estruturadas.
  • Rede de Relacionamentos: conselheiros experientes abrem portas e compartilham conexões valiosas.
  • Preparação para Escalar: suporte para rodadas de investimento, expansão e internacionalização.
  • Redução de Riscos: visão externa e crítica na tomada de decisões, com foco no médio e longo prazo.

Entre os temas mais recorrentes levados ao Conselho Consultivo estão a sucessão de lideranças, estruturação de capital, captação de investimentos, fusões e aquisições, expansão de mercado, revisão do modelo de negócios, transformação digital, canais de distribuição, planejamento tributário, gestão de riscos e compliance, além de assuntos ligados à cultura organizacional, retenção de talentos, ESG e reputação corporativa.

A missão de um Conselho Consultivo pode ser resumida em dois grandes objetivos: assegurar a perpetuidade da empresa e promover a geração contínua de valor para os sócios, colaboradores e demais stakeholders.

Conselhos eficazes são aqueles que desafiam o status quo, promovem uma cultura participativa e se estruturam para lidar com a incerteza — com foco em composição, fluxo de informação e desenvolvimento cultural, como destaca o artigo “Building Better Boards” da Harvard Business Review (2004).

Um Modelo Viável e Ágil

Segundo a pesquisa “Conselheiros: dedicação de tempo dentro e fora das salas de conselho” (IBGC & Better Governance, 2021), 37% dos conselhos atuam em empresas com faturamento inferior a R$ 100 milhões. Além disso, apenas 34% dos conselheiros relatam dedicar mais tempo do que consideram ideal, o que contradiz a percepção de que um Conselho exige grande disponibilidade, desde que os processos estejam bem estruturados e os rituais definidos.

Esses dados reforçam que é perfeitamente possível implantar uma governança de qualidade em empresas menores, com uma carga horária compatível com a rotina dos sócios e da gestão.

Baseado em boas práticas de mercado, o modelo sugerido é simples e eficaz: criação de um Conselho Consultivo com regulamento interno claro e direto, reuniões periódicas com rituais bem definidos (pauta, atas, indicadores de desempenho (KPIs), prestação de contas, etc.), e atuação coordenada por um profissional experiente que também pode integrar o Conselho temporariamente.

Contar com conselheiros certificados e experientes na fase inicial — um verdadeiro “test drive” do Conselho Consultivo — é decisivo para o sucesso do modelo. Esses profissionais não apenas emprestam sua experiência e visão estratégica, mas também conferem legitimidade, relevância e ritmo às primeiras reuniões. Ao compartilhar boas práticas, refinar os ritos e facilitar a relação entre sócios, conselho e gestão, eles se tornam pilares na validação e consolidação do processo de governança, tornando-o mais fluido, efetivo e alinhado à realidade da empresa.

Para viabilizar o custo de agência(custo de monitoramento e controle da gestão), recomenda-se a modalidade de remuneração reduzida por um período, com o objetivo de aculturar sócios e lideranças ao modelo e permitir que a empresa perceba os resultados tangíveis antes de ampliar sua estrutura de governança.

A incorporação de elementos da Administração Ágil aos Conselhos Consultivos tem se mostrado uma tendência relevante, especialmente entre startups e empresas inovadoras. Esse modelo pode ser adotado igualmente para as PMEs e permite ciclos curtos de planejamento, maior interação entre conselheiros e executivos e decisões mais iterativas e baseadas em dados. Ao combinar planejamento, estrutura e adaptabilidade, um Conselho Consultivo ágil amplia a capacidade da empresa de reagir a incertezas, testar caminhos e transformar aprendizados em ação estratégica.

Esse arranjo objetivo favorece um ambiente de confiança entre os sócios, com acordos de confidencialidade que garantem liberdade para tratar de temas estruturantes.

Sobre o autor

Carlos Eduardo do Nascimento é Conselheiro Consultivo dedicado à implementação de boas práticas de governança em pequenas e médias empresas e startups. Atua na estruturação de Conselhos Consultivos, com sólida experiência em liderança empresarial e tecnologia, coordena conselhos e facilita o amadurecimento da relação entre sócios, conselheiros e gestão executiva.

Se sua empresa está em um ponto de inflexão — seja para crescer, atrair investimento, reestruturar processos ou tratar de outro tema relevante —, o apoio de um conselheiro experiente pode fazer toda a diferença.

Governança começa com confiança. E confiança se constrói com escuta, clareza e ação, no momento certo.

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