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Até 2050 praticamente 80% da humanidade viverá em centros urbanos, metade deles em megalópoles Edição 57 AMILTON FRANCISQUEVIS Hoje, mais da metade da população global vive em áreas urbanizadas, consolidando as cidades como lugar preferencial da convivência humana. A tendência mundial indica que até 2050 praticamente 80% da humanidade viverá em centros urbanos, metade deles […]
Até 2050 praticamente 80% da humanidade viverá em centros urbanos, metade deles em megalópoles
Edição 57
AMILTON FRANCISQUEVIS
Hoje, mais da metade da população global vive em áreas urbanizadas, consolidando as cidades como lugar preferencial da convivência humana. A tendência mundial indica que até 2050 praticamente 80% da humanidade viverá em centros urbanos, metade deles em megalópoles – consolidando e fortalecendo as que existem nas economias desenvolvidas e expandindo o caos nas economias em desenvolvimento.
No Brasil, o fenômeno da urbanização está se mostrando mais rápido que a média mundial. Segundo o IBGE, já em 2010 mais de 85% dos brasileiros viviam em cidades. Porém, ao contrário da tendência mundial, aqui a maior parte da população urbana vive em cidades de pequeno e médio porte – 28% em cidades entre 50.000 e 100.000 habitantes, 26% em cidades entre 100.000 e 500.000 habitantes, 20% em cidades entre 500.000 e 5 milhões de habitantes. As cidades de muito pequeno porte (menos de 50.000 habitantes) correspondem a 89% dos municípios brasileiros e tendem a crescer de forma mais lenta que as de médio e grande porte, tendo sua continuidade, em muito, vinculada ao sucesso dos arranjos populacionais em que porventura estejam inseridas. Essa caracterização diferenciada faz do Brasil um país onde boa parte das soluções de gestão pública comercializadas por empresas transnacionais tem dificuldade para serem aplicadas de forma eficiente, dado que foram concebidas buscando resolver problemas diferentes dos que temos.
Em consequência da urbanização que ocorre tipicamente em grande velocidade e de forma pouco planejada, surge um crescente desequilíbrio entre as necessidades da população e a capacidade da gestão pública de promover um desenvolvimento ordenado e sustentável nos aglomerados urbanos, em especial nos de maior porte.
Neste cenário, os grandes desafios para o gestor público são prover serviços com qualidade, administrando os recursos de forma eficiente e transparente, viabilizando à população participar ativamente da gestão, tudo isso dentro de uma visão sistêmica e integrada da cidade.
Essas demandas apontam para a busca de um novo modelo de gestão urbana, que propicie o desenvolvimento da sociedade de uma forma sustentável tanto nos aspectos econômico quanto social, sem descuidar da preservação do meio ambiente para as próximas gerações. O foco principal é a melhoria da qualidade de vida da população, num ambiente no qual a governança seja participativa e os recursos sejam utilizados com sabedoria, ou seja, uma cidade mais inteligente.
Nesse contexto, as tecnologias da informação e comunicação contribuem por serem o sustentáculo do aumento da eficiência operacional, inovando na integração e na disponibilização dos serviços e infraestrutura urbana todo o tempo, a toda a população e a um custo moderado.
Podem-se identificar seis características numa cidade do futuro: Economia Inteligente – a cidade deve prover um ambiente favorável para a competitividade das empresas que lá operem, provendo recursos para estimular o espírito inovador, o empreendedorismo, a produtividade e a economia criativa; Governança Inteligente – a tomada de decisões deve buscar ser participativa e transparente, com o compartilhamento das estratégias e perspectivas do município; Mobilidade Inteligente – deve ser provido transporte seguro e inovativo, e para tal deve haver infraestrutura adequada, que respeite a sustentabilidade econômica e ambiental; Pessoas Inteligentes – o capital humano do município deve ser priorizado, gerando meios para que a população consiga níveis elevados de qualificação e aprendizado contínuo; Ambiente Inteligente – os recursos naturais existentes devem ser empregados com sabedoria, evitando a degradação ambiental e com isso preservando a cidade para as próximas gerações; Vida Inteligente – a cidade deve prover instalações culturais, condições de saúde e segurança, habitação com qualidade, instalações educacionais e um ambiente de coesão social, cumprindo assim seu objetivo maior, que é propiciar ao cidadão um local bom para viver e criar sua família.
Numa cidade inteligente, o poder público atua de forma preventiva e preditiva, monitorando e gerenciando a atividade da cidade por meio de indicadores em tempo real, identificando obstáculos potenciais ao seu desempenho otimizado e procurando removê-los em tempo hábil. Isso nem sempre é possível, mas as ações devem ser estabelecidas buscando atingir tal meta, que é a de evitar problemas ao invés de simplesmente corrigi-los, contribuindo com isso para a melhoria na qualidade de vida do cidadão. Este, por seu lado, deve interagir diretamente com a gestão municipal pela utilização de serviços digitais que lhe permitam resolver seus problemas, tirar suas dúvidas ou dar suas opiniões e contribuições com agilidade, simplicidade e a certeza de que isso será efetivamente tratado por quem de direito.
Os dados da vida urbana devem ser tangíveis, ou seja, os modelamentos devem ser transparentes ao usuário, de modo que o administrador público possa enxergar processos de governo e não dados de computação. Ele deve poder se abstrair da questão informática, que estará como pano de fundo, capturando e tratando eventos em tempo real, contribuindo para que as melhores decisões possam ser tomadas, aumentando a governança e a eficiência na gestão das infraestruturas públicas.
A questão específica da Tecnologia da Informação tem contribuído decisivamente para o crescimento da inteligência das cidades, suportada por progressos tecnológicos.
Merecem destaque: proliferação de sensores digitais e sistemas de controle digital, que inclui sensores de tráfego, medidores de consumo, gerenciamento de edifícios etc.; penetração das redes fixas e móveis, que permitem sensores e sistemas serem conectados com centros de processamento distribuído e estes trocarem informações entre si; desenvolvimento de técnicas de gerenciamento de informações, mais especificamente, modelos de semântica padronizados que permitem informação de baixo nível ser interpretada pelos centros de processamento.
Ainda, o desenvolvimento de novos algoritmos que permitem os fluxos de informação serem analisados em tempo real, de modo a viabilizar melhoria de desempenho em tempo real; sistemas de Analytics & Big Data, que com seus 5V (Volume, Velocidade, Variedade, Veracidade e Valor) conseguem analisar complexos sistemas, entender correlações e propor otimizações.
A Internet das Coisas é uma evolução tecnológica que muito contribui com a construção de uma cidade inteligente. Redes de sensores colaboram decisivamente para a obtenção de informações em tempo real, permitindo eficiente tomada de decisões. Da mesma forma, a evolução no tratamento de grandes volumes de dados aparentemente desconexos pode trazer importantes ganhos de eficiência para uma administração municipal, quando algoritmos preditivos adequados permitam alertar, por exemplo, que a chuva que está caindo no momento nos bairros do Sul provocará congestionamento nas rotas de trânsito para o Centro, e causará no Sudeste um apagão elétrico – quem consegue prever desastres consegue atuar de forma organizada e administrar o caos de forma a minimizar seus impactos.
O ICI provê Tecnologia da Informação e Comunicação para que as cidades possam ser inteligentes, desenvolvendo e operando soluções padronizadas ou sob medida. Oferece ao gestor público diagnóstico completo e atual do município sob as perspectivas técnica, operacional e estratégica. A partir desse diagnóstico, gera as recomendações para a evolução da área de TIC do município. Num passo seguinte, pode implantar os sistemas necessários para essa evolução, sistemas esses que podem ser preexistentes no portfólio do ICI, podem ser evoluções dedicadas de tais sistemas ou podem ser sistemas inteiramente novos a serem desenvolvidos de acordo com a necessidade específica do município. Finalmente, pode operar tais sistemas para o município, de uma forma permanente ou por um tempo determinado, durante o qual efetuará a transferência de know-how para a equipe de TI da prefeitura.
*Amilto Francisquevis é físico (UFPR), com especialização em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (Unicenp) e MBA em Gestão de Projetos (FGV). Atua há mais de 15 anos na área de TIC para a gestão pública, tendo sido responsável pela implantação de projetos em diversos municípios brasileiros. Desde 2014, é assessor de Mercado do ICI.
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