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Outros países latino-americanos ainda não iniciaram processo de implantação da infraestrutura de rede de telefonia móvel exclusiva para a nova tecnologia
O Brasil será o primeiro país da América Latina a implantar a tecnologia 5G SA (Standalone), conhecida como 5G puro. O tipo de conexão, autônoma com relação à rede 4G, começa a ser adotado pelas operadoras de telefonia móvel vencedoras do leilão 5G, realizado no dia 4/11 – o maior da história das telecomunicações no país, quando foram definidas as autorizações de uso para as faixas de radiofrequência de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz.
Alguns países latino-americanos, inclusive o Brasil, operam um tipo de conexão de “transição” entre as duas gerações, genericamente chamada de 5G. Porém, tem uma diferença fundamental: as redes atuais usam um sistema de rádio 5G integrado a um núcleo de rede (ou core) das gerações anteriores (4G). Como utiliza o core já em operação, a implementação da tecnologia na rede atual pode até ser mais rápida, mas não possibilita a oferta plena das potencialidades das redes 5G.
O 5G SA utiliza o núcleo de rede exclusivo (por isso chamado de “puro”) da nova geração, otimizando a utilização da tecnologia. Esses padrões são adotados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas (ONU) voltada ao tema, e definidos pela 3GPP, uma organização que reúne engenheiros de todo o mundo.
Com a adoção do padrão 5G SA, o Brasil aumenta a velocidade das taxas de transmissão, reduz o tempo de resposta da rede (baixa latência), possibilita milhões de dispositivos conectados em uma mesma área e diminui o consumo de energia dos aparelhos. Tais características abrem espaço para revoluções em diversos segmentos, como na saúde, educação, agropecuária, comércio, serviço ou indústria. Todas as cadeias produtivas irão passar por uma transformação.
Estima-se que até 2022 a nova tecnologia esteja disponível em todas as 27 capitais do país e, até o final deste ano, comece a funcionar em partes das cidades de São Paulo e Brasília. De acordo com o edital do leilão, o 5G deve estar disponibilizado em todo o território nacional até 2028.
5G NO MUNDO – Atualmente, o padrão 5G DSS (com Compartilhamento Dinâmico de Espectro, da sigla em inglês) está ativo e disponível em 15 países, inclusive no Brasil. O 5G DSS foi avalizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em meados de 2020, quando as operadoras começaram a comercializar a tecnologia com o nome genérico de 5G.
Entretanto, em toda a América Latina, apenas o Chile fez o leilão de faixas específicas para uso com o 5G puro. O processo chileno, mesmo iniciado antes do leilão 5G brasileiro, ainda não foi concluído, porque o certame encontra-se em debate no Judiciário. No Peru, quando se analisam os mapas de cobertura, na prática, não há 5G em operação comercial e a licitação está prevista para 2022. No Suriname, existe conexão de transição para a quinta geração apenas em alguns pontos da capital, Paramaribo, mas também não é 5G SA.
QUESTIONAMENTO – A confusão provocada entre os tipos de conexão foi objeto de um ofício do ministro das Comunicações, Fábio Faria, em maio de 2021. Na ocasião, foi solicitado às empresas que deixassem de identificar os acessos via 5G compartilhado com a nova rede de conexão autônoma, evitando dúvidas entre os usuários. Atualmente, a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, apura a existência de infrações ao Direito do Consumidor decorrentes da veiculação de propagandas referentes ao 5G DSS como 5G. O edital do leilão 5G, prevendo o padrão puro, foi lançado pela Anatel em setembro, sendo o leilão realizado no início de novembro.
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