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Decisões técnicas na área da tecnologia geram impactos éticos e jurídicos
*Por Thaísa Jordão Gomes Druszes
Atualmente a tecnologia não apenas transforma processos, mas redefine as relações humanas. Antes restrita a especialistas em códigos e sistemas, hoje, se entrelaça com direitos, expectativas sociais e valores humanos.
No centro dessa transformação, estão os profissionais tech, como desenvolvedores, engenheiros, arquitetos e analistas de dados, cujas decisões técnicas geram impactos jurídicos e éticos de proporções por vezes ainda desconhecidas.
Profissionais que transitam pelo mundo jurídico e também pelo tecnológico sabem que nenhuma linha de código é neutra. A decisão de coletar determinados dados, o modo de armazená-los e a lógica por trás de um algoritmo carregam implicações legais e éticas.
A gestão de dados é um ativo estratégico de extrema relevância para empresas, na medida em que cada informação cadastrada, transação realizada, comportamento do usuário, ou até um simples clique, geram pistas digitais que podem ser analisadas e monetizadas.
Por outro viés, esses mesmos dados representam risco jurídico e reputacional, se forem utilizados, tratados ou armazenados inadequadamente, sem uma base legal legítima.
Essa consciência amplia a responsabilidade individual e fortalece a capacidade de antecipar riscos, criando soluções inovadoras que respeitem direitos fundamentais. Afinal, conhecer a legislação não significa frear a inovação, mas conferir a ela contornos sustentáveis e seguros.
E é justamente desta forma que os dados ganham destaque: presentes em praticamente todas as nossas interações digitais, eles movimentam negócios, otimizam serviços e personalizam experiências. Quando bem tratados, são um diferencial competitivo. Mas, quando negligenciados, tornam-se pontos de vulnerabilidade.
Neste sentido, existem perguntas estratégicas que se tornam essenciais para as esferas técnica e jurídica, como: É realmente necessário coletar essas informações? Como protegê-las contra acessos indevidos? A transparência com os titulares de dados foi observada?
Essas reflexões não impedem projetos, pelo contrário. Elas criam confiança, fortalecem processos e preparam os colaboradores para trabalhar cumprindo de forma madura e transparente a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), na medida em que uma visão crítica pode evitar riscos e simultaneamente impulsionar inovação, resguardando pessoas e organizações.
Como admiradora da tecnologia e do Direito, acredito que o futuro pertence a quem tem coragem de construir pontes entre áreas, promover diálogo e criar soluções que sejam ao mesmo tempo tecnológicas e humanas. Essa dualidade é uma vantagem estratégica e uma responsabilidade que vale a pena assumir.
Afinal, a união de conhecimento técnico e jurídico, mostra que a inovação não precisa ser cega aos seus impactos. Ela pode, e deve, caminhar junto com o respeito às pessoas, a transparência nas escolhas e a construção de relações baseadas na confiança. É assim que a tecnologia se torna, de fato, uma força positiva e realmente transformadora.
*Thaísa Jordão Gomes Druszes é Assessora da Presidência no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI). Possui MBA em Gestão de Negócios, Estratégia Organizacional e Liderança Positiva (PUC/PR), especializações em Direito Digital e Tecnologia (LFG), Contratos na Era Digital (ESAOAB/SP) e Lei Geral de Proteção de Dados (UCA), certificações em Computação em Nuvem (EXIN) e Scrum Master (SMC); pós-graduação em Direito Aplicado (Escola da Magistratura do Paraná), advogada graduada em Direito (PUC/PR).
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