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Inovação: Você já encontrou a sua macieira?

Convido você a refletir em quais situações ou momentos você tem as melhores ideias. Muito provavelmente elas não ocorrem em seu escritório, entre reuniões, ou durante a correria do dia a dia. Mas, certamente, acontecem fora do ambiente de trabalho, durante à noite, no banho, praticando exercícios… enfim, em algum momento de descontração ou contemplação. […]

1 de fevereiro de 2022 18:53
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Rodolfo Fücher é presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software - ABES, sócio fundador da FEMP Participações, membro do comi...

Convido você a refletir em quais situações ou momentos você tem as melhores ideias. Muito provavelmente elas não ocorrem em seu escritório, entre reuniões, ou durante a correria do dia a dia.

Mas, certamente, acontecem fora do ambiente de trabalho, durante à noite, no banho, praticando exercícios… enfim, em algum momento de descontração ou contemplação. Isto faz lembrar do Sir Isaac Newton e de sua macieira – boatos apontam que a teoria da gravidade foi formulada após Newton presenciar a queda de uma maçã em sua residência, na região de Woolsthorpe-by-Colsterworth, localizada em Linconlshire, Inglaterra.

Segundo a história, aos 20 anos de idade, Sir Issac Newton estava recluso em sua residência devido a peste negra quando o fato ocorreu. Isto permitiu que identificassem com precisão a macieira responsável por tal descoberta, inclusive algumas mudas foram levadas para a Universidade de York, para o Trinity College (em Dublin) e até para o Instituto Bariloche (na Argentina). Historiadores dizem que uma forte tempestade quase dizimou a macieira em 1816, mas, para a nossa felicidade, algumas raízes permaneceram fixas e, após um árduo trabalho, conseguiram resgatar este pedaço da história, voltando à vida. Dizem que a macieira tem mais de 400 anos de idade e hoje é mantida pelo National Trust for Places of Historic Interest or Natural Beauty (Fundo Nacional para Locais de Interesse Histórico ou Beleza Natural), uma organização de conservação do patrimônio na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte. Fundada em 1895, e atualmente presidida pelo Príncipe Charles, a instituição não só cuida da casa onde nasceu Isaac Newton e de sua macieira, como também de inúmeros lugares históricos, como as casas onde nasceram Paul McCartney e John Lennon.

Enquanto, talvez, não encontre uma “macieira” para despertar a sua criatividade, a busca da inovação e modelos disruptivos (quem sabe um novo negócio de um trilhão de dólares?), gostaria de compartilhar algumas evidências que podem demonstrar a quantidade infinita de “macieiras” ao nosso redor, e que passam desapercebidas – mas, talvez, não pelos concorrentes.

A primeira evidência é uma aula de John Hangel sobre “Designing for Exponentials”, proferida durante um curso na Singularity University – aliás, existem diversos vídeos do John sobre o tema na internet, os quais recomendo ver. Durante sua explanação na Singularity, ele fala sobre importância de reformular a inovação, sobre olhar para fora da organização em busca de ideias inovadoras e novas oportunidades, muitas vezes ofuscada pela “zona de conforto” da própria organização. Ele cita uma fala muito interessante de Bill Joy: “Não importa quantas pessoas inteligentes você tenha na sua organização. Há muito mais pessoas inteligentes fora dela”. Um outro ponto, obviamente já muito conhecido, são as pessoas. Sobre a importância de contratar pessoas certas, aqui vai mais uma dica do John: “Recrute por paixão, não por habilidades. Eu prometo que se você encontrar pessoas com paixão suficiente, eles vão adquirir as habilidades necessárias”.

Uma outra evidência sobre a importância desse “olhar para fora” na busca por modelos inovadores é o estudo Reinventing innovation – Five findings to guide strategy through execution, da PwC, que destaca que na era de negócios digitais (e de rápida mudança tecnológica), praticamente nenhuma empresa pode ignorar o imperativo de inovar. Não inovar é um convite para perder negócios. Baseado em uma pesquisa realizada com 1.200 executivos de 44 países responsáveis por inovação, o estudo aponta que trazer mais partes para este processo é uma ideia inteligente, e que pode gerar benefícios significativos, desde a melhora no alinhamento estratégico da organização, o acesso às novas ideias e talentos críticos, até conhecimentos sobre a importância de falhar mais rápido (failing faster) e, ainda, como ser mais rápido no go to market.

Empresas inovadoras não vão sozinhas e estão cada vez mais optando por modelos inclusivos (tais como inovação aberta, design thinking e co-criação com parceiros, clientes e fornecedores) no lugar de modelos como o tradicional P&D. O estudo da PwC também aponta que 60% dos entrevistados utilizam inovação aberta, 59% design thinking, contra 37% que usam modelos mais tradicionais como centros de P&D.

Olhar para fora e desenvolver parcerias tornou-se uma indiscutível tendência. Open innovation (ou inovação aberta) passou a ser um dos caminhos mais curtos para quem busca modelos inovadores de forma rápida, barata e de baixo risco. Lembro aqui da célebre frase de Thomas Edison, uma das maiores mentes dos últimos tempos: “A genialidade é 1% de inspiração e 99% de transpiração”. Ter uma série de startups testando novos modelos, tendo como base uma tese, pode ser uma forma de traduzir este famoso pensamento de Edison, colocando e mantendo a sua organização em posição de vantagem perante as demais. Pode ser, neste caso, a tão almejada macieira. 

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