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Os mais recentes dados sobre exportações de softwares e serviços por parte das empresas brasileiras de tecnologia da informação (TI) são animadores. Mais animador ainda é o potencial de inserção no mercado global – notadamente na América Latina, mas ao redor do mundo, de um modo geral. Em que pesem complicadores e obstáculos, temos, no […]
Os mais recentes dados sobre exportações de softwares e serviços por parte das empresas brasileiras de tecnologia da informação (TI) são animadores. Mais animador ainda é o potencial de inserção no mercado global – notadamente na América Latina, mas ao redor do mundo, de um modo geral. Em que pesem complicadores e obstáculos, temos, no horizonte, grandes possibilidades.
O levantamento “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2020”, da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), apontou um crescimento de 29%, em volumes financeiros, nas exportações de softwares e serviços, as quais, juntas, somaram US$ 821 milhões em 2019.
Desse total, US$ 213 milhões se referem à exportação especificamente de softwares e outros US$ 608 milhões à exportação de serviços. Em cada um desses segmentos, o aumento das exportações ficou perto da média da soma: 28,7% de incremento nas vendas ao exterior de softwares e 29,1% nas vendas externas de serviços.
Ressalvemos que os dados se referem ao exercício de 2019, frente a 2018, portanto, anterior ao período da pandemia de Covid-19. Mas o relatório foi consolidado com a crise fitossanitária já acometendo o planeta, e as projeções feitas levaram em conta essa conjuntura e apontaram boas perspectivas para 2021.
Apesar do crescimento verificado, a participação das exportações na produção brasileira de softwares e serviços em TI ainda é tímida – bem abaixo dos dois dígitos. Os US$ 213 milhões da produção para exportação representam apenas 2,1% do total da produção nacional de softwares. Já os US$ 608 milhões das exportações de serviços respondem por 5,6% da produção total.
Ou seja, não só é possível como é necessário aumentar essas fatias. Mas o problema parece ser cultural, afinal, o empresário brasileiro, principalmente de tecnologia, costuma dizer que o Brasil já é grande o suficiente e não precisa sair daqui. Bom, se essa máxima fosse verdadeira, nenhuma empresa americana precisaria vender fora dos Estados Unidos e, o que vemos, é justamente o contrário, as empresas de tecnologia americanas se dedicam fortemente à internacionalização.
Além disso, os softwares brasileiros costumam nascer apenas no idioma português, o que é um grande impeditivo para a sua inserção em outros mercados.
Não tenho dúvida de que, não só as grandes empresas, mas também as pequenas e médias empresas desenvolvedoras de softwares devem se imbuir de uma cultura exportadora desde o seu nascimento e de seus produtos, já preparados com multi-idioma e com flexibilidade para se adaptar às regras de negócios globais. Isso é parte do caminho para a exportação, mas não basta apenas essa postura desbravadora e tecnológica dos empreendedores, o Brasil também precisa de políticas de fomento e de inserção no mercado externo. Elas dão a estrutura necessária para que a produção voltada ao mundo se consolide.
As iniciativas podem e devem partir dos mais diferentes atores da sociedade – instâncias governamentais, entidades de classe empresariais, academia, setor produtivo. Há exemplos frutíferos, como o Projeto Setorial Brasil IT+. Em desenvolvimento desde 2005 pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Softex, o projeto, inclusive, foi recentemente renovado. Quando o Projeto Setorial Brasil IT+ começou, em 2005, eram apenas 25 empresas exportadoras, na área de tecnologia da informação, envolvidas na iniciativa. Hoje são quase 300. Uma boa demonstração do que comentei: quando a decisão é estratégica e articulada, o envolvimento dos empreendedores é certo.
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito