Publicidade
Área considerada uma das melhores para se trabalhar há poucos anos, agora sofre com a chegada das IAs. Para se ter ideia, agente de automação da startup Sakana superou 98% dos programadores em competição japonesa
O setor de tecnologia vive uma transformação sem precedentes. Por décadas, os desenvolvedores foram considerados insubstituíveis, mas agora dividem espaço com um novo protagonista: os agentes de automação. O avanço dessas ferramentas levanta um questionamento importante: estaria a profissão caminhando para o declínio?
A discussão divide o setor. De um lado, defensores da atuação humana destacam que criatividade, pensamento crítico e visão de negócios não podem ser replicados por algoritmos. De outro, cresce o grupo que vê a automação assumindo tarefas rotineiras com resultados mais rápidos e precisos.
Para Frederico Sieck, CEO da KOUD, empresa especializada no recrutamento de profissionais de tecnologia, a resposta é clara: “Estamos entrando em uma era onde código escrito manualmente não é mais sinônimo de eficiência. Agentes de automação conseguem resolver em horas o que equipes inteiras demoravam semanas. A questão não é se eles vão substituir tarefas repetitivas do trabalho humano, mas como desenvolvedores e programadores irão se reposicionar frente a inevitável mudança no setor”.
Frederico Sieck, CEO da KOUD
Para se ter uma ideia da transição que o segmento vive, o agente da japonesa Sakana AI superou 98% dos concorrentes humanos no 47º Concurso Heurístico AtCoder, ficando em 21º lugar entre mais de 1.000 programadores. Enquanto os humanos testaram cerca de uma dúzia de soluções durante as quatro horas de prova, o agente de IA da startup fundada em 2023, ALE, experimentou aproximadamente 100 variações no mesmo período.
“Resistir a essa transformação e romantizar o passado pode custar caro. Os desenvolvedores continuarão existindo, mas não da forma como conhecemos hoje. Quem não entender que a automação já é parte central da estratégia vai perder competitividade e, consequentemente, mercado”, diz Sieck.
De acordo com o especialista, empresas que antes estruturavam seus times em torno de programadores agora já estão criando áreas híbridas, onde sistemas inteligentes fazem a primeira entrega. “Ao profissional humano cabe cada vez mais supervisionar, ajustar e direcionar”, completa.
Segundo artigo da Winson Marketing, nos EUA, o número de empregos em programação passou de mais de 700.000 durante o boom das pontocom para cerca de metade disso hoje, enquanto o emprego geral nos EUA cresceu quase 75% no mesmo período. A programação está agora entre as 10 ocupações mais afetadas entre os mais de 420 empregos monitorados pelo Bureau of Labor Statistics.
O mesmo texto cita a fala do CEO da Anthropic, Dario Amodei, que estima que a IA poderá escrever até 90% do código. Em contraste, o CEO da IBM, Arvind Krishna, prevê que a IA será responsável por apenas 20% a 30% do código, mantendo a necessidade de programadores humanos, mesmo com a automação de parte das tarefas de codificação.
“Estamos vivendo uma revolução silenciosa. Assim como o operador de fábrica foi substituído por máquinas na linha de produção, hoje o profissional de tecnologia passa a dividir espaço com agentes de automação. A diferença é que, desta vez, a transformação não ocorrerá ao longo de décadas, mas em poucos anos. Cabe a esses profissionais se reinventarem. O futuro da tecnologia não será definido apenas pela habilidade de programar, mas pela capacidade de integrar inteligência artificial, automação e estratégia em um ambiente empresarial que exige agilidade e inovação constantes”, conclui o CEO da KOUD.
Assessoria
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito