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Não tem jeito. Se você é gerente de projetos, sempre vai pensar como tal. edição 55 MARCELO BELLON Não tem jeito. Se você é gerente de projetos, sempre vai pensar como tal. Qualquer atividade é encarada analisando escopo, custo, prazo, qualidade etc., das mais simples até as mais complexas. E isso não apenas na […]
Não tem jeito. Se você é gerente de projetos, sempre vai pensar como tal.
edição 55
MARCELO BELLON
Não tem jeito. Se você é gerente de projetos, sempre vai pensar como tal. Qualquer atividade é encarada analisando escopo, custo, prazo, qualidade etc., das mais simples até as mais complexas. E isso não apenas na rotina profissional. Nosso lazer e hobbies passam pelo mesmo processo. E isso é ótimo! Porque não só temos um maior controle sobre o que acontece, mas também para aumentar as chances de sucesso.
Bem, minha vida foi marcada, 30 anos atrás, com o diagnóstico do diabetes. Para muitos, seria uma sentença de morte. Para outros, é apenas uma condição que deve ser gerenciada e controlada. Tudo depende de como a pessoa encara este desafio que terá para o restante de sua vida. É uma questão de atitude, querer ou não querer viver bem, de forma plena, produtiva e feliz. Uma questão de escolha! E eu escolhi viver bem, de forma completa, produtiva e saudável.
Unindo o gerenciamento de projetos com o diabetes, passando pelos hobbies, chego a uma atividade que me dá muito prazer, que é o montanhismo, e na mensagem positiva que é possível transmitir para aqueles que ainda não têm a percepção de que está em suas mãos viver bem com essa disfunção.
Então, planejei uma expedição para o Cerro Plata em fevereiro deste ano. Esta montanha fica na Argentina e tem seu cume próximo de 6.000m.
Alguns meses antes, junto com o outro membro da equipe, o professor de aikido Alexei Caio, foi feito todo o planejamento necessário. Um grande projeto! Gerenciamento de aquisições, de custos, de tempo, de escopo, de qualidade, dos riscos! Tudo pensado e integrado para atingir o objetivo maior de divulgar o bem viver com o diabetes.
Para viabilizar financeiramente, buscou-se um parceiro e tivemos a felicidade de encontrar uma empresa que gostaria de apoiar um projeto com este objetivo, que foi a Memora Processos Inovadores. Estávamos muito bem alinhados em nosso propósito e em como conduzir todo o projeto. Agradecemos imensamente a eles pela oportunidade que nos foi dada para executar mais um projeto dessa importância.
Assim, durante oito dias, partindo da antiga estação de esqui Vallecitos, a 100km da cidade de Mendoza e a 2.800m de altitude, caminhamos e acampamos em busca daquilo que nos trazia felicidade, que é estar nas montanhas e conviver de forma pacífica com nosso diabetes.
Antes, também passamos dois dias em Las Cuevas, hospedados no Hostel Portezuelo del Viento, fazendo caminhadas para ajudar no processo de aclimatação, inclusive percorrendo o trajeto de 10km até o Cerro Cristo Redentor, a 3800m de altitude.
A expedição ao Cerro Plata, organizada pela empresa Andes Trekking, foi planejada e executada como qualquer outra. Talvez a única diferença foram algumas paradas adicionais ao longo do dia para fazermos a medição da glicemia ou aplicarmos a insulina. Um fato interessante que ajudou no sucesso da expedição foi a participação da guia de montanha Teresita Meyer, que também tem diabetes.
Foi feito um percurso bem tranquilo e conservador. Afinal, não tínhamos muita prática com equipamentos de gelo. Somos atletas, corremos ultramaratonas e triatlos, mas caminhar com botas duplas e crampons (aquelas “garras” de aço que se colocam nas botas para não escorregar no gelo) é diferente. Para não nos desgastarmos muito, as caminhadas diárias não eram longas, e fomos nos aclimatando e ganhando altitude lentamente. Acampamos em Piedra Grande (3.400m), El Salto (4.200m) e La Hoyada (4.600m). Neste último local, até fizemos um dia de descanso, utilizando também o tempo livre para treinar um pouco as condições e equipamentos de neve e gelo. Dos 8 dias, 5 foram passados acima de 4.000m!
O dia do ataque ao cume começou bem cedo e, após algumas horas de caminhada, decidimos por declarar o cume ao alcançamos os 5.000m (ainda restariam 1.000m de desnível para chegar ao cume do cerro Plata, o que significava mais algumas horas de ida e volta). A caminhada com todo o equipamento para proteger do frio tinha nos exigido fisicamente mais do que esperávamos. Caminhar no escuro com botas e crampons em inclinações que passavam de 50 graus, fazendo com que, muitas vezes, um passo para frente significasse um passo de deslize em gelo ou rocha, fez as pernas se exaurirem rapidamente. Estávamos cansados, mas felizes pela altitude atingida. E, como a segurança deve ser prioridade, retornamos. Isso estava previsto (o retorno antes do cume) em nosso planejamento dos riscos.
Mas nosso escopo principal foi completo: ter dias prazerosos e felizes na montanha, com o diabetes sob controle e sem nenhum caso de glicemia que nos colocasse em risco. Isso tudo foi uma ótima lição para aqueles que preferem sofrer de diabetes em vez de apenas quererem conviver com esta condição. Ótimas lições aprendidas! Até mesmo para nós!
Além da expedição, para realizarmos um trabalho contínuo de divulgação do bem viver com o diabetes, somos idealizadores do grupo Diabetes&Desportes (www.diabetesedesportes.com.br), que tem o objetivo de reunir atletas com diabetes para trocarem informações e assim incentivar aqueles que ainda têm dúvidas sobre a importância da atividade física para o bom controle das glicemias.
Página da expedição no FB: https://www.facebook.com/CerroPlata2016/?ref=hl
Página do D&D: http://www.diabetesedesportes.com.br
Página da Memora: http://www.memora.com.br/
Desenvolvido por: Leonardo Nascimento & Giuliano Saito