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Mobilidade elétrica é um tema primordial na agenda da gestão pública das cidades brasileiras
Mobilidade elétrica é um tema primordial na agenda da gestão pública das cidades brasileiras. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking das frotas de ônibus elétricos da América Latina, com 349 veículos, depois de Chile e México, segundo a plataforma E-Bus Radar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e com potencial para avançar a passos largos.
A tecnologia pode contribuir para acelerar essa transição energética e colaborar com a melhoria na qualidade de vida das cidades por meio de duas frentes. Primeiro, a gestão de dados comprovadamente melhora a eficiência e a qualidade do transporte público, o que estimula as pessoas a usá-lo, em vez dos veículos particulares. Isso favorece a fluidez do trânsito e o meio ambiente, pois cada passageiro de ônibus contribui com apenas 15% das emissões de um passageiro de carro.
A segunda frente é relacionada ao planejamento urbano. Contar com dados abundantes, precisos e confiáveis é fundamental para o gestor público tomar decisões acertadas na implantação de linhas de ônibus elétricos em seus municípios, considerando as mudanças complexas que precisará executar no sistema de transporte já estabelecido.
Recentemente, o evento Latin American Week, da União Internacional do Transporte Público, discutiu o uso de dados para esta transformação. Trocamos experiência entre os países sobre como os dados são utilizados em diferentes continentes para melhorar a experiência do transporte público para todos os envolvidos: passageiros, operadores e municípios.
Com mais informação, mais dados e mais transparência, os operadores consegue atuar de forma mais eficiente, as cidades são capazes de projetar redes que atendam melhor a população e os passageiros ficam mais informados e podem ter melhor experiência em seus traslados.
A sustentabilidade é, igualmente, um fator-chave nesta questão. Estamos em meio a uma crise climática, como definem os especialistas, pois vivenciamos os efeitos negativos do aquecimento global e dos impactos da atividade humana no meio ambiente. Portanto, todos os países precisam agir rapidamente para reduzir as emissões de poluentes, o que envolve os meios em que nos locomovemos diariamente.
O transporte em geral é responsável por 25% da queima de combustível fóssil, portanto, é um dos principais vilões neste quesito. Uma medida urgente a ser tomada pelos governos é reduzir a emissão de poluentes gerados pelo transporte. A Organização das Nações Unidades (ONU) estima que a poluição atmosférica mata sete milhões de pessoas no mundo anualmente. Portanto, é uma questão de saúde pública também.
Neste ponto, o transporte público é uma das formas mais eficientes de transportar muitas pessoas por vez. Portanto, andar de ônibus é muito mais sustentável do que de carro.
Naturalmente, há desafios pela frente nesta transição energética. Em termos de indústria, não é simples transformar a produção de ônibus movidos a diesel para linhas de veículos elétricos. São Paulo, por exemplo, tem uma frota de cerca de 14 mil ônibus a diesel. A cidade já começou a transição para a mobilidade pública elétrica, mas nenhuma indústria consegue fabricar um volume tão grande de ônibus movidos a eletricidade no curto prazo.
Outro desafio é a evolução tecnológica das baterias, que precisam avançar no tocante à autonomia. Os veículos elétricos requerem recargas mais frequentes do que o abastecimento de diesel. Por conta disso, talvez seja necessário oferecer mais ônibus para operar uma linha tradicional.
E, por fim, a operação completa do sistema de transporte público necessita ser revista. Nesse contexto, os gestores se perguntam: quais as linhas mais adequadas para serem eletrificadas? Como eu faço uma operação com base na mobilidade elétrica? Onde terei maior impacto na frota? Por exemplo, linhas com muitas subidas são críticas para a circulação de ônibus elétricos, que encontram mais dificuldades em aclives, principalmente se estiverem muito carregados.
A tecnologia pode contribuir significativamente para este processo de decisão. A gestão da informação e o uso de dados ajudam de forma relevante neste replanejamento, considerando as linhas e áreas para a transição energética.
O objetivo final é desenhar um plano para que essa mudança tão importante possa ser concretizada com ganhos para todas as partes e que os impactos positivos, tanto relacionados à eficiência quanto a sustentabilidade, sejam gerados. À medida que o planejamento e a tecnologia evoluem, a cidade é capaz de atender outras linhas, realizando uma transformação gradativa e bem-sucedida.
Atualmente, as prefeituras já podem contar com soluções tecnológicas de monitoramento do transporte público e de emissão de gás carbônico da frota atual – e que podem ser perfeitamente utilizadas na transição energética.
O Brasil, aliás, apresenta uma vantagem neste cenário, pela abundância de energia limpa e o potencial de captação de energia solar para gerar eletricidade, favorecendo a consolidação da mobilidade elétrica no país.
Por Roberto Speicys, cofundador e CEO da Scipopulis, empresa da green4T
Foto: Divulgação
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