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Futurecom Digital Week debate a aplicação da tecnologia no dia a dia da administração pública e destaca a possiblidade de oferecer vários serviços com características diferentes para consumidores e empresas
No meet-up “Garantindo o bem-estar do cidadão através da gestão pública baseada na inteligência de dados”, durante o Futurecom Digital Week, o centro do debate foi como os administradores podem facilitar a vida dos cidadãos por meio da tecnologia e do acesso a aplicações que atendam às suas necessidades de forma prática. Moderado por Fernando Rabelo, gerente da BrasilLAB, o encontro reuniu gestores dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. Rabelo iniciou a conversa com a provocação de qual o cenário da tecnologia e da ciência de dados na administração pública atualmente.
Para Fernando Trincado, secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de São Caetano do Sul, não há mais outra maneira de enxergar a administração pública sem considerar a inteligência de dados. “A época de política pública generalista em que não se levava em consideração indicadores socioeconômicos ficou para trás. Hoje, temos de usar cada vez mais os dados e acompanhar não só o desenvolvimento dos projetos, mas também os resultados. Para isso, os dados são fundamentais”, observou o secretário.
Trincado destaca que a pandemia fez com que a prefeitura municipal avançasse muito na digitalização de serviços ao cidadão, que gerou muita interação da população. “Logicamente, as informações que recebemos deles facilitam sabermos quais são as prioridades, obter melhores resultados e aproveitar melhor os recursos.”
Para o poder público, é muito desafiador dados o cenário em que os dados são o “novo petróleo”, na opinião de Pedro Calixto, diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais. “Estamos aprendendo a refinar toda a matéria-prima que são os dados para obter os melhores resultados e serviços para o cidadão.”
Rodrigo Michel de Moraes, subsecretário de Tecnologia da Informação do Governo de Goiás, colocou em discussão o quanto as administrações públicas estão sendo efetivas na comunicação com as pessoas para que compreendam e usem mais os portais que oferecem serviços públicos. Ele relatou que em Goiás “iniciamos um processo de simplificação de linguagem para todos terem acesso e resolverem seus problemas”. Afinal, a digitalização é um caminho sem volta, mas é necessário que se entenda o que as pessoas precisam lá na ponta, na opinião dele.
Marcos Coseglio, diretor de vendas da Sociedade Europeia de Satélites, pontuou a importância da conexão à internet por meio de satélite em um país continental como o Brasil, que tem aproximadamente 20% dos seus 5.600 municípios ainda sem a conectividade cabeada. Já do ponto de vista das secretarias de fazenda estaduais, André Renato Facchini, diretor do Departamento de TIC do Estado do Rio Grande do Sul, compartilha da opinião que a inteligência de dados deve ser usada a favor dos contribuintes, principalmente no sentido de ajudá-los na correção de irregularidades e erros de arrecadação. “Sabemos o quanto é complexa a legislação tributária e temos o papel criar uma solução facilitadora tanto para a população quanto para os servidores do estado.”
Novas oportunidades de receita
A plenária “Networking slicing no uso personalizado de recursos de rede 5G”, moderada por Eduardo Tude, presidente da Teleco, discutiu a possiblidade de oferecer vários serviços com características diferentes para consumidores e empresas. Para Mauro Fukuda, diretor de Estratégia, Tecnologia e Arquitetura de Rede da Oi, o slicing vai ser um dos recursos transformadores trazidos pelo 5G, pois permite personalizar os serviços. Para a plena aplicação do slicing, é preciso incorporar um conjunto de novas funcionalidades e recursos de rede, tais como virtualização, automação, orquestração e exposição de serviço.
Thomas Steagali, vice-presidente na CSGI Américas, afirmou que automação é a palavra-chave. “Você pode entregar níveis de latência necessários em uma determinada área onde o cliente está contratando o serviço”, explicou. Para Marco Di Costanzo, diretor de Engenharia da TIM, a complexidade está na transformação do core de Evolved Packet Core (EPC), que já era virtualizado, para Service Based Architeture (SBA), que passa a ser cloudificado. “Não é mais um core fechado, mas um core aberto, um core desacoplado, modular, cloud native, que expõe, principalmente, sua capacidade para os desenvolvedores.”
Segundo Livio Silva, arquiteto-chefe da vertical de Telecomunicações da Red Hat Américas, é preciso reunir academia, startups digitais e grandes empresas de telecom para construir um grande ecossistema que alavancará as capacidades de rede, potencializadas pela inteligência artificial e aprendizado de máquina. “A rede precisa ser autônoma para detectar a queda do serviço e modificar a latência, em tempo real, para recuperar as condições do serviço.”
Transformação
O painel premium “Transformação dos negócios por meio do 5G” reuniu Artur Coimbra, Secretário de Telecomunicações Interino do Ministério das Comunicações; Alex Salgado, vice-Presidente B2B da VIVO; Nicolas Mucci, Partner TMT da IBM, e Ailton Santos, CEO da Nokia Brasil, sob a moderação da jornalista Tatiana Schnoor, do Valor Econômico. De acordo com Coimbra, o leilão superou todas as expectativas, tanto em quantidade de empresas interessadas – seis novas empresas que não tinham atuação no mercado móvel no Brasil -, quanto no número de lances. “A surpresa maior foi a quantidade de interessados na faixa de 26Ghz, que é uma faixa nova e bastante livre dentre as linhas da tecnologia de quinta geração. Com ela, há muitas possibilidades de conexão que ainda nem podemos prever”, ressaltou Coimbra.
O painel abordou as possibilidades trazidas pelo 5G, como a Internet das Coisas, carros autônomos, realidade virtual e aumentada, mas também por pontos técnicos. Santos, CEO da Nokia, lembra da diferença do 5G para as tecnologias anteriores, com velocidade, confiabilidade e latência muito maiores, possibilitando o machine to machine, com diferentes possibilidades para usuário final e empresas de todos os tamanhos. Alex Salgado, da Vivo, ressalta a realidade iminente da massificação do serviço. “Por meio de aparelhos com capacidade de acesso via 5G e com planos que poderão ser adquiridos em breve, a inclusão permitida pela nova tecnologia estará na palma da mão do brasileiro”, afirmou.
Uma das principais vantagens apontadas pelos participantes do painel é a possibilidade de instalação do 5G em locais remotos. Portanto, a tecnologia de quinta geração será importante para automatização do agronegócio, contribuindo para redução de desperdícios de água e energia, com o monitoramento constante via equipamentos conectados.
Com essa possibilidade, os locais mais remotos do Brasil poderão ter conexão 5G, ampliando possibilidades de estudos, trabalhos remotos e telemedicina de qualidade em muito cantos do País. “Existe um espaço muito grande a ser preenchido para todas as empresas que querem inovar no campo, na indústria, nos portos, nas estradas e em outros setores. Nosso papel como empresa de tecnologia é também fomentar esse ecossistema,” completou Nicolas Mucci.
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