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Federação Assespro apresenta propostas do setor de TI aos presidenciáveis

Entre as medidas recomendadas está a criação de um órgão que atue na coordenação operacional e na construção de ações voltadas ao desenvolvimento do setor.

10 de agosto de 2022 08:28

Diante da necessidade da formulação de um plano estratégico de longo prazo com ações voltadas para a inovação e tecnologia da informação, a Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – Federação Assespro – lançou um manifesto com diagnósticos e propostas para a área a serem entregues aos pré-candidatos à Presidência da República.

 

O relatório aponta que o principal desafio para os próximos anos continua sendo a existência de um déficit de centenas de milhares de profissionais qualificados e o risco de um apagão de mão de obra no setor, que tende a se intensificar ainda mais com introdução de novas tecnologias nos setores industrial, de comércio e de serviços.

 

Na visão da Assespro, a falta de um direcionamento estratégico e da priorização de cursos nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) tem criado um gargalo de difícil superação no curto prazo.

 

“Há um grande espaço para o aumento da produção de bens e serviços de tecnologia da informação no Brasil. Temos uma juventude conectada, uma população disposta a consumir produtos tecnológicos e empresas e empresários com capacidade e vontade de investir e inovar”, diz o manifesto.

 

Para o presidente da Federação Assespro, Italo Nogueira, é necessário ampliar a oferta de cursos e vagas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, além de criar mecanismos que incentivem nos jovens a ideia de ingressar nessas áreas.

 

“Devemos seguir o exemplo de países que são exemplos de transformação digital e que começaram pela base. Para que a transformação digital no País ocorra, de fato, é preciso investir em programas de educação, treinamento e capacitação de jovens, além de criar incentivos que funcionem como impulsionadores do processo de inovação”, afirma.

 

Como exemplo, Italo cita que o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em países como Israel, Coréia do Sul e Suécia é superior a 3,5% do PIB, enquanto o Brasil registra investimento de apenas 1,21% do PIB.

 

O documento sugere ainda a criação de prêmios e incentivos para a atração de jovens para os cursos nas áreas de estudo STEM.

 

Outros desafios

Para avançar nesse e em outros temas basilares do desenvolvimento do setor de TI, a Assespro entende ser necessária a criação de uma agência ou órgão que atue na coordenação operacional e na construção de ações voltadas para o fomento à cultura da inovação no País.

 

Entre as medidas recomendadas no documento, a Assespro sugere que o próximo governo adote como temas estratégicos e prioritários como: 

– Educação para a tecnologia; 

– Inclusão digital; 

– Aprimoramento da infraestrutura econômica e social do setor de TI; e 

– Criação de programas tecnológicos em parceria com o setor privado. 

 

Os objetivos que devem ser perseguidos para tanto são:

  1. a) O aumento da inclusão digital da população, garantindo o acesso a computadores, redes de comunicação e serviços digitais;
  2. b) Ampliar a oferta de cursos e vagas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática;
  3. c) Criar mecanismos que incentivem nos jovens a ideia de ingressar nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática; 
  4. d) Aumentar o volume de investimentos públicos e privados em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI); e 
  5. e) Criação de uma estrutura (Agência ou Órgão) que atue na coordenação operacional e na construção de ações voltadas para o fomento à cultura da inovação no País.

 

Um setor estratégico para o país 

Comandando a Federação das Associações de Empresas de Tecnologia desde 2018, o empresário Italo Nogueira fala sobre a importância da tecnologia para a sociedade. De acordo com o presidente da Assespro, o setor tem que ser visto, a cada dia mais como estratégico, não apenas pela quantidade de empregos que gera, mas, principalmente, pela oportunidade de transformar outros segmentos da economia. 

 

Qual a importância de o Brasil não ficar para trás nessa corrida tecnológica?

A importância dela é obviamente crucial neste momento porque se o país fica para trás dentro de um processo e de uma corrida tecnológica, você muitas vezes não consegue recuperá-lo.

 

Na área industrial, na área do agro, quando você perde algum tempo frente a outros países, dependendo da sua estratégia, você não consegue competir de igual pra igual.  

 

Se o Brasil perder essa oportunidade e ficar para trás, consequentemente vai ser muito difícil a gente recuperar esse tempo perdido e voltar a ser um país que é realmente enxergado como um país inovador. 

 

Quais os principais avanços que devem ser feitos para que o setor possa colaborar ainda mais com a economia brasileira?

Para que a gente possa ter mais relevância no cenário global, temos que focar nos temas das “STEM”, que aí são formações em ciência, tecnologia e engenharia e matemática, além de cuidar da educação e da base dos nossos jovens.

 

A gente sabe hoje, por exemplo, que cursos de formação rápida têm profissionais com baixíssimo custo de formação e as empresas estão participando ativamente disso. 

 

Então, acredito que é uma colaboração e é um trabalho que tem que ser feito a quatro mãos. A sociedade civil deve se envolver, mas principalmente os governos e os próximos gestores têm que entender a responsabilidade que tem e aliar essa responsabilidade com uma gigantesca oportunidade. 

 

Como é hoje de forma efetiva a participação do setor na economia? Quanto movimenta?

O que a gente movimentou em números no ano de 2020 é algo em torno de R$ 350 bilhões quando a gente envolve tecnologia e telecomunicações. 

 

Na nossa visão os números podem crescer até 2024 chegando a cerca de R$ 800 bilhões em resultados que a gente deve gerar para o mercado e a nossa expectativa é que esse número, se não for atrapalhado por exatamente essa falta de mão de obra, ele possa gerar um percentual muito interessante do PIB nacional. 

 

Por que os presidenciáveis devem ter uma atenção especial para o setor e como o manifesto pode contribuir?

 A intenção da Assespro na realização e obviamente na entrega deste manifesto é demonstrar a gigantesca oportunidade que esses gestores possuem na mão.

 

É uma formação rápida, uma capacidade de geração de serviços bastante estratégicos para o país e uma possibilidade de colocar o Brasil realmente na vanguarda entre os países mais inovadores do mundo. 

 

Então, se eu estivesse concorrendo a qualquer uma dessas vagas, eu teria um olhar muito cuidadoso porque realmente não existe outro setor que tenha a capacidade de ter resultados tão rápidos se a gente junta o setor público e setor privado. 

 

Qual a importância de reformas como a tributária para o desenvolvimento do setor e de toda uma cadeia produtiva?

Na verdade, com relação a reforma tributária, o que nós precisamos tomar muito cuidado é que se ela chegasse para desonerar, seria muito importante, mas todas as reformas que estão sendo tratadas afetam o setor de serviços de uma maneira muito dura e afetam o setor de serviços de TIC de uma maneira muito dura. 

 

Então, o que acreditamos é que o olhar deve ser exatamente diferenciado para aquele olhar quanto que a gente investe a cada real investido nós temos expectativa aí de retorno de três a quatro reais de uma maneira muito rápida. A nossa visão é que deveríamos ter desonerações ou continuidade, por exemplo, de projetos que foram muito importantes como a desoneração da folha de trabalho. 

 

Então a visão da Assespro é que a Reforma Tributária é importante para o desenvolvimento do país, mas a gente tem que ter um olhar muito cuidadoso para a forma e como essa reforma vai impactar o setor de serviços.

 

Confira o Manifesto completo no link.

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