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Empreendedora funda empresa de tecnologia contábil

Conheça a trajetória de Júlia Lázaro, fundadora da Mitfokus, empresa de soluções financeiras e tecnológicas que atende mais de mil médicos em todo o Brasil.

2 de julho de 2021 22:32

Receitas caseiras até resolvem pequenos problemas de saúde. Mas o ideal é sempre buscar um médico especialista que possa dar o diagnóstico correto e assertivo para a solução do problema.

Casada com um médico e com grande experiência na área de administração de grandes empresas, Júlia Lázaro, formada em Administração pela Unesp, percebeu como era falha e deficitária a gestão financeira de profissionais da área médica, que dificilmente tinham uma consultoria especializada que auxiliasse nas questões tributárias, fiscais e contábeis. Era hora de os médicos deixarem de lado as “receitas caseiras”.

Assim surgiu a ideia de fundar a Mitfokus Soluções Financeiras: fintech voltada para a gestão contábil, tributária e financeira de profissionais da área médica e que emprega tecnologia e inovação em seus produtos. Com um time de experts das áreas fiscais, contábeis e bancárias, a Mitfokus surgiu para preencher essa lacuna do mercado.

Na entrevista abaixo, Júlia Lázaro conta as motivações para se tornar uma empreendedora em tecnologia e como tem sido fundamental o papel da mulher na área e no mundo empresarial.

Quando foi que você tomou a decisão de empreender?

Júlia Lázaro: Eu trabalhei por muito tempo na área financeira de grandes empresas. Com o tempo percebi o quanto me fazia falta uma maior flexibilidade no trabalho, especialmente depois que me tornei mãe. Eu precisava de um novo fôlego e potencializar meu tempo. Observando o quanto meu marido, que é médico, sofria com a gestão de sua empresa médica, comecei a pesquisar sobre a área de gestão financeira para profissionais da saúde. Então, conversei com outros amigos que também são da área e percebi o quanto a legislação tributária e contábil para a área médica é específica e vi ali um ótimo nicho de empreendimento. Surgiu o embrião da Mitfokus Soluções Financeiras. Foi a chance de buscar a flexibilidade que eu precisava.

Como foi o início da startup?

JL: O primeiro passo foi compor um time de especialistas para nos tornarmos experts na área de contabilidade médica. Assim, me aliei ao Tiago Lázaro, economista com muita experiência na área bancária, ao William Souza, consultor contábil, e ao João Teixeira, também administrador. Desde o início nossa essência seria, além de sermos “ases” na parte de tributação, contabilidade e finanças médicas, desenvolver tudo com base em muita tecnologia, com uso de inteligência artificial e Machine Learning, entregando aos profissionais da saúde uma ferramenta de fácil uso e acesso, para facilitar a vida dos médicos mesmo.

E como foi a aceitação do mercado?

JL: Foi excelente. Ao abrir uma empresa, o médico tem, a partir do aplicativo, todo o planejamento tributário, financeiro e fiscal voltado ao seu nicho e ainda conta com a possibilidade de empréstimos, financiamento e antecipação de recebíveis. Em quase quatro anos, já temos em nossa base mais de 1.200 profissionais e estamos sendo acelerados pela Eretz.bio, incubadora do Hospital Albert Einstein.

Você teve muita dificuldade para empreender por ser mulher? Como você vê a participação das mulheres especialmente no mundo da tecnologia?

JL: Como eu vim da área financeira, que ainda é nicho masculino, eu já tinha a casca um pouco mais “grossa” e soube me impor na hora de empreender. Mas ainda existe muita desigualdade nesse meio, especialmente na tecnologia. Hoje, na Mitfokus, 60% da equipe financeira é composta por mulheres, porém, na equipe de desenvolvimento, eu sou a única. De 80 currículos que recebi ultimamente, nenhum era de mulher.

E como podemos mudar esse cenário de escassez de mulheres em tecnologia da informação (TI)?

JL: Hoje eu participo de vários grupos de mulheres profissionais em busca de talentos que possam integrar a equipe tecnológica da Mitfokus. Outro ponto que eu vejo como fundamental é a subdivisão de especialidades dentro da área de tecnologia que podem ser mais “atraentes” para mulheres. Assim como existem médicos que são especialistas em determinada área ou patologia, o mesmo ocorre na tecnologia. Por conta da maior sensibilidade, olhar refinado e empatia, eu vejo o nicho de user experience (experiência de usuário) e design de produtos como áreas que podem ser portas de entradas para cada dia termos mais mulheres atuando com tecnologia nas startups e grandes empresas. Na Mitfokus estamos projetando vagas e até áreas dentro da empresa somente para as mulheres. É uma alternativa para buscar o equilíbrio e a igualdade no setor.

A sua própria história serve como inspiração…

JL: De certa forma sim. Como eu disse, a maternidade gerou a demanda por mais flexibilidade e eu tive que ir em busca disso. Esta é a mensagem que eu deixo para as mulheres: não existe independência feminina sem planejamento financeiro. Temos que pensar em nossas carreiras desde pequenas sim, e sempre ter em mente que, em algum momento, teremos que dividir a nossa vida profissional com a maternidade. Mas isso não é o fim do mundo. Para vocês, pais que têm uma menina pequena em casa, incentivem ela a buscar seu caminho desde pequena, dê acesso à tecnologia e incentivem sua filha a ser uma pessoa independente financeiramente. Certamente isso fará toda a diferença no futuro.

Quais os próximos passos da Mitfokus?

JL: Na área financeira, queremos desenvolver mais produtos e nos corroborar como uma fintech. Na área de tecnologia, queremos expandir as subespecialidades, como eu citei, e com isso aumentar ainda mais a nossa diversidade de equipe, não apenas contratando mais mulheres, mas aumentando também a diversidade de gênero e raça. Isso passa por aprimorarmos nossa prospecção de talentos para ofertar oportunidades para aqueles que infelizmente ainda sofrem algum preconceito no mercado.

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