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Em meio à escassez de profissionais qualificados e ao crescimento da demanda por inovação digital, empresárias como Cristina Boner defendem o investimento em educação tecnológica desde os primeiros ciclos escolares
A transformação digital acelerada pela pandemia escancarou uma realidade preocupante para o futuro da economia brasileira: a carência estrutural de profissionais capacitados em tecnologia da informação. Segundo levantamento recente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o Brasil deve enfrentar um déficit de 800 mil profissionais de TI até 2025. Diante desse cenário, especialistas têm apontado que a solução não está apenas em cursos técnicos ou em requalificação de adultos, mas sobretudo em repensar a base: o ensino fundamental e médio. Para a empresária Cristina Boner, pioneira no setor de TI no Brasil, a responsabilidade de mudar essa realidade começa dentro do próprio ecossistema tecnológico, com lideranças engajadas em promover oportunidades desde cedo.
“Não podemos mais esperar que a formação em tecnologia seja algo que só começa na universidade ou em cursos livres. É preciso criar pontes reais entre a inovação que desenvolvemos nas empresas e o ambiente educacional desde os primeiros anos escolares”, afirma Cristina, que atua em diversas frentes de incentivo à capacitação digital e inclusão tecnológica no país.
Cristina Boner defende que o setor de tecnologia precisa assumir um papel mais ativo no desenvolvimento de políticas educacionais que preparem jovens para um mercado que muda em ritmo exponencial. “Se hoje falamos de inteligência artificial, blockchain e computação quântica, é porque há décadas houve investimento em formação estruturada em outros países. O Brasil precisa fazer o mesmo, mas começando pela alfabetização digital básica e pelo estímulo ao pensamento computacional nas escolas públicas”, destaca.
A empresária lembra que, apesar de algumas iniciativas isoladas de capacitação para jovens, ainda falta articulação entre empresas de TI, governos e instituições de ensino. “Enquanto não tratarmos educação como um eixo estratégico de desenvolvimento tecnológico, vamos continuar terceirizando nossa mão de obra digital, o que compromete não apenas a inovação, mas a soberania nacional”, afirma.
Dados do Instituto Península revelam que 83% dos professores da rede pública se sentem despreparados para ensinar conteúdos relacionados à tecnologia e inovação. Ao mesmo tempo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê desde 2017 o ensino de computação como competência obrigatória nas escolas, mas a implementação prática é limitada, especialmente fora dos grandes centros urbanos.
A empresária Cristina Boner vê nesse descompasso uma oportunidade para o setor privado liderar mudanças reais. “As líderes empresariais que conseguiram transformar seus negócios com tecnologia precisam agora usar essa experiência para transformar também o país. Investir em educação de base é não apenas um dever ético, mas uma estratégia de longo prazo. Afinal, de que adianta termos a melhor infraestrutura tecnológica se não temos gente preparada para operá-la e expandi-la?”, questiona.
Para a empresária, iniciativas de educação tecnológica também têm um importante papel social: contribuir para a redução das desigualdades e abrir caminhos para a mobilidade econômica de jovens das periferias. “Quando um adolescente de escola pública aprende lógica de programação, ele está não só adquirindo uma habilidade técnica, mas também desenvolvendo raciocínio crítico, criatividade e autoconfiança. Isso muda destinos”, afirma.
Boner também ressalta que, para além do investimento financeiro, é fundamental que as empresas de TI participem ativamente do desenho pedagógico desses programas. “Não basta doar computadores ou oferecer cursos isolados. Precisamos estar presentes na formulação de currículos, na capacitação de professores e na construção de um ecossistema de inovação que converse com a realidade da sala de aula.”
Frente ao avanço da inteligência artificial e à digitalização da economia, a urgência do tema se torna ainda mais evidente. Relatório da McKinsey & Company aponta que, até 2030, mais de 50% das ocupações formais no Brasil exigirão algum grau de competência digital. Sem um plano estratégico voltado à educação de base, o país corre o risco de ver ampliada a lacuna entre sua capacidade tecnológica e a mão de obra disponível para sustentá-la.
“A tecnologia é a linguagem do futuro. Se queremos que o Brasil seja protagonista nesse novo cenário global, temos que começar ensinando essa linguagem desde cedo. Como empresária, mulher e brasileira, eu vejo isso como um chamado — e convido outras lideranças a fazerem o mesmo”, conclui Cristina Boner.
Assessoria
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