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Indicadores mostram que trazer novos pontos de vista é o segredo para ampliar as oportunidades de negócio
O Brasil é conhecido por ser um país diverso, seja cultural ou racialmente, característica essa que influi diretamente nas variedades de perfis existentes no mercado consumidor. Com 56% da população brasileira formada por pessoas negras, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo elas maioria na sociedade, é estranho notar que estudos de comportamento de consumo pouco citam este público, que parece ausente na chamada sociedade de consumo.
Isso é o que questiona Adriana Alves, conselheira de diversidade em empresas e coordenadora do programa Aceleradora de Carreiras do Comitê de Igualdade Racial no Grupo Mulheres do Brasil, em seu TEDx “A melhor forma de rasgar dinheiro”, em que exemplifica de que maneira as empresas seguem perdendo oportunidades ao ignorar uma grande parcela dos consumidores.
“Este é o chamado custo do racismo no Brasil. Só em 2022, as mulheres negras movimentaram 704 bilhões de reais no país, mesmo com a renda mensal per capita da população negra sendo 40% menor que a de pessoas brancas, devido a desigualdade econômica causada pelo racismo estrutural. Inclusive, 61% das pessoas negras afirma que compraria mais das marcas se elas os representassem de fato, trazendo até mesmo o protagonismo para elas em campanhas publicitárias. Seguindo essa análise de dados, fica claro que o mercado precisa olhar para este público com maior atenção se quer aumentar a receita e ampliar o alcance do negócio”, analisa Adriana.
É justamente neste ponto que a inovação e a diversidade se cruzam. Para a executiva, o segredo para trazer produtos e serviços considerados inovadores e que saiam da linha padrão do mercado, é incluir pessoas diversas dentro das companhias, já que a variedade de pontos de vista e o real conhecimento, por vivência própria, do que esses consumidores esperam, é o que permitirá as marcas acertem na entrega de itens de consumo que o público diverso em questão necessita.
Contudo, para o resultado ser efetivo, é preciso mexer nas estruturas do negócio. “Não basta profissionais diversos estarem apenas nas posições de base, eles precisam estar na liderança e entre os tomadores de decisões. Também devem opinar, negociar e definir, para promover a circulação do capital social, além do econômico. Inovar é sobre expandir, e principalmente sobre gente e suas ideias. A sociedade está cada vez mais cobrando isso das organizações”, reforça Adriana.
Vale lembrar que os conselhos das empresas são os espaços que de fato materializam as decisões, e eles são formados majoritariamente por homens brancos. Apenas 16% das empresas no Brasil tem mulheres liderando conselhos de administração, segundo o estudo “Mulheres na Liderança” da Teva Índices. Dessas, praticamente 100% são brancas.
“Está mais do que provado que a diversidade está ligada ao aumento da lucratividade dos negócios, já existem pesquisas conceituadas, como as de Harvard, sobre isso. Resistir à diversidade é rasgar dinheiro sim. O melhor é ser provocado, sair da bolha, aprender com o novo. É preciso entender que quando os consumidores se sentem incluídos, eles se identificam com a marca e compram mais. Parece até óbvio, e isso só reforça que investir em diversidade é muito rentável”, expõe a executiva.
Grandes oportunidades de negócios podem acontecer a partir dessa movimentação e inclusão da diversidade nas companhias. “Quem faz o que ninguém fez, vai experimentar aquilo que ninguém nunca experimentou, essa é uma frase da Cultura Yorubá. É a sabedoria ancestral africana falando com o futuro e com a inovação”, conclui Adriana Alves.
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